“Lugar de mulher é onde ela quiser”. A frase pode até soar como clichê de tão repetida. No entanto, no Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Itabira as mulheres ocupam os mais diversos cargos e demonstram que são capazes de atuar onde quiserem.
Seja nas ruas, atuando nas manutenções ou como leiturista, operando as estações de tratamento de água e esgoto, no laboratório, na oficina, no departamento de limpeza, no atendimento ao público, na área administrativa ou diretoria, elas preenchem 33,9% do quadro de servidores da autarquia, o que reforça o papel da mulher dentro da organização. Dos atuais 42 cargos de liderança no Saae, 19 são ocupados por mulheres.
Karina Rocha Lobo é a primeira mulher em mais de seis décadas de história a assumir o comando do Saae de Itabira. Economista por formação, Karina Lobo encoraja outras mulheres, principalmente quem está começando a vida profissional, a lutar pelo seu espaço no mundo corporativo.
“Ser uma diretora mulher em uma empresa que tem mais de 60% dos servidores homens, em um serviço essencial para uma cidade, não é uma tarefa fácil. Mas, por sorte ou quis o destino assim, eu tenho o apoio de inúmeras mulheres aqui. Não só na diretoria, mas em todas as áreas. Então, isso ajuda nessa simbiose, de quer fazer o bem independente de quem está ao redor, se é homem ou mulher. O importante pra gente é atender bem a população. E a gente não escolhe pra quem fornecemos água. Então, é de suma importância o empoderamento feminino nesse quesito do saneamento e para a história do Saae. Afinal, foram 66 anos até essa cadeira ser ocupada por uma mulher. Isso não é qualquer coisa”, comentou a diretora-presidente do Saae.
O protagonismo feminino e a conquista das mulheres à frente de grandes desafios também pode ser visto diariamente no Saae quando se olha para Maria Edduarda Oliveira Fonseca, diretora administrativo-financeira. É ela quem coordena o orçamento da autarquia, garante a compra de insumos e equipamentos para as operações, ordena o pagamento de centenas de servidores e prestadores de serviço.
Formada em Engenharia Química e Administração, e com pós em Engenharia Sanitária e Ambiental, Maria Edduarda entrou no Saae como engenheira sanitária. Depois passou pela Diretoria Técnica-Operacional e hoje é responsável pela Diretoria Administrativo-Financeira.
“Prestes a completar três anos na autarquia, percebo que ainda vivemos num ambiente de trabalho bastante machista. Para se manter em condições físicas e psicológicas adequadas é necessário torna-se na maioria das vezes insensível e manter o posicionamento firme, demonstrando que temos opiniões próprias e somos capazes de tomar decisões.”, afirmou Maria Edduarda.
Mayara Gonçalves Divino é gerente de Produção e Tratamento e coordena uma equipe de aproximadamente 60 pessoas. É ela quem define as escalas de revezamento, plantão e férias desses servidores. Além disso, tem o desafio diário de manter o rigoroso controle de qualidade da água destinada à população itabirana e o cuidado para que o esgoto corretamente tratado pela ETE Laboreaux seja devolvido para o meio ambiente.
“Assumi recentemente a gerência de Produção e Tratamento do Saae e, sem dúvida, é um grande desafio por se tratar de um setor com múltiplas funções e muitos colaboradores. Sendo assim, não é apenas tratar e distribuir água, é integrar setores e processos, aprender a lidar com pessoas e trabalhar em equipe para que juntos possamos encontrar soluções para as demandas diárias. Como mulher sinto-me gratificada em ver que cada vez mais estamos sendo valorizadas, inseridas no contexto do Saae de forma ativa, e podendo contribuir com a comunidade e o meio ambiente”, disse Mayara Gonçalves.
Graduanda em Engenharia de Computação, Clara Carolina Amaro atua no Saae há um ano como estagiária, tendo passado pela Gerência, departamento de Compras e, atualmente, no setor de Tecnologia da Informação (T.I.).
“É uma baita oportunidade estagiar no Saae, principalmente na área de tecnologia, que no geral não é tão aberta às mulheres. Quando recebi o convite da diretoria para migrar de área, achei magnífico. Mas saí de uma área onde só havia mulheres, para outro que só havia homens até então. E a forma de trabalho de cada um desses setores e pessoas é bem diferente. No departamento de T.I. tenho a oportunidade de aprender na prática, meus colegas me incentivam e me instruem a como fazer. Hoje eu aprendo fazendo, e isso é uma grande oportunidade, principalmente porque não tem discriminação pelo gênero. Não me tratam diferente por ser mulher, e no mercado de trabalho tem que ser assim”, destacou Clara Carolina.
O cafezinho que garante a energia para lidar com a rotina puxada é feito com muito carinho por Dalva Malaquias Domingos, mais conhecida como Dalvinha. Servidora há 24 anos, ela cuida da cozinha com carinho, além de ajudar a manter o ambiente de trabalho limpo e organizado.
“Eu adoro o que eu faço. É daqui que tiro meu ganha pão e que me permitiu criar meu filho, hoje com 16 anos. É uma vida inteira aqui. Eu falo que independente do trabalho, tem que gostar do que se faz. Pretendo, e vou, aposentar aqui”, disse Dalvinha.
Geisiele Cristina Silva e Vânia Aparecida Oliveira entraram no Saae há cerca de três meses e vêm ajudando a mudar a história da empresa. Elas são umas das primeiras mulheres a executarem serviços operacionais e integrarem uma equipe de manutenção.
“O Saae é uma empresa que abrange a mulher hoje e mostra que não existe o preconceito, a diferenciação entre o serviço realizado pelo homem e pela mulher. O Saae abriu as portas para muitas mulheres. Eu e minha equipe, por exemplo, vamos para a rua, cavamos buraco, colocamos meio fio, fazemos massa. Então, a mesma função que o homem hoje faz no Saae, a mulher faz também. E isso é gratificante pra gente. A partir do momento que a empresa valoriza a mulher, ela nos permite crescer e sonhar com outras possibilidades”, comentou Vânia Oliveira.
“Fazer o serviço que a gente faz é preciso de muita força e dedicação porque não é fácil. Antes, as pessoas achavam que só os homens davam conta de fazer esse serviço. Mas a gente mostrou que pode ser diferente, que as mulheres também conseguem. Me sinto mais valorizada por isso. Várias pessoas passam por nós enquanto estamos trabalhando na rua e elogiam. E isso é muito gratificante”, disse Geisiele Silva.
O Saae de Itabira evolui em busca de um ambiente de trabalho mais diverso e inclusivo. E essas mulheres são só alguns exemplos das profissionais que ajudam a construir a história do saneamento básico em Itabira. A meta do Saae é que cada vez mais mulheres ocupem seus espaços, marquem presença e façam a diferença no mercado de trabalho.
Programa Integridade – homens pelo fim da violência contra mulheres
Em um ambiente ainda predominantemente masculino, abordar a violência contra a mulher é mais que necessário. Pensando nisso, o tema foi escolhido para dar início ao Programa de Integridade do Saae de Itabira. Ainda em fevereiro, a autarquia convidou a presidente da Comissão de Enfrentamento à Violência Sexual e Doméstica de Itabira, a psicóloga Tatiana Gavazza, e o advogado Gabriel Pereira Penna Andrade, para ministrar palestras sobre o assunto.
Mais do que levar informações para as mulheres, o Saae defende o lema “homens pelo fim da violência contra mulheres” e, por isso, a maioria dos participantes nesses encontros foi do gênero masculino.
A presidente da Comissão de Enfrentamento à Violência Sexual e Doméstica de Itabira, a psicóloga Tatiana Gavazza, e o advogado Gabriel Pereira Penna Andrade ministraram duas palestras sobre violência contra a mulher