Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), viveu um momento histórico no último domingo (8), com o retorno da imagem de São José de Botas à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, de onde havia sido extraviada há 77 anos. A devolução foi marcada por uma celebração que coincidiu com as festividades do Dia de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade.
A peça sacra foi recuperada graças à campanha “Boa Fé”, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que incentiva a devolução voluntária de bens culturais pertencentes ao patrimônio mineiro.
Uma jornada de fé e história
A imagem de São José de Botas estava sendo comercializada em um site de leilões quando foi identificada por historiadores e denunciada ao MPMG. A promotora de Justiça Giuliana Talamoni Fonoff destacou a importância desse resgate para a preservação da identidade cultural e religiosa do povo mineiro.
“São José de Botas, padroeiro dos desbravadores de Minas Gerais, retorna ao seu lugar de origem, reforçando a história, a fé e a identidade da comunidade de Sabará”, afirmou a promotora.
Reconhecimento e devolução
O trabalho de identificação da imagem foi conduzido pela historiadora Paula Carolina Novais de Miranda, servidora do MPMG, que utilizou informações do sistema de cadastro de bens desaparecidos e a análise técnica do bem. Após a confirmação, a comunidade foi convidada para validar a peça.
Flávia Reis, historiadora responsável pela denúncia, explicou que encontrou a imagem enquanto realizava um inventário da Igreja de Nossa Senhora da Conceição. “Ao pesquisar em sites de leilões, tive a sorte de localizá-la e acionei o Ministério Público pela plataforma Sondar”, relatou.
Emoção e significado
O pároco Eribaldo dos Santos ressaltou o significado espiritual da devolução. “A imagem representa o resgate de nossa identidade. Um povo sem raiz não consegue ficar de pé. O retorno de São José de Botas é um presente divino para nossa comunidade”, declarou.
Tânia Maria Marcelino Costa, conselheira pastoral, compartilhou a emoção do momento: “Depois de 77 anos, a maioria das pessoas sequer conhecia essa peça. É uma bênção recebê-la de volta em um dia tão especial”.
Patrimônio e identidade
A campanha “Boa Fé” continua sendo uma ferramenta importante na proteção do patrimônio cultural de Minas Gerais, incentivando colecionadores e negociantes a contribuírem com a preservação da história.