Na semana passada, uma bomba atômica estourou em Itabira, mas seu barulho foi de um traque ou algo assim parecido com fogos de artifício para 90% da população. Restou uma pergunta à consciência pura: como Itabira pode reviver Hiroshima sem notar? Impossível, só uma meia dúzia arrepiou-se. E está de pés e mãos amarrados.
Vamos tentar esclarecer mais uma vez o drama que Itabira está vivendo e muitos não abririam mão, sequer de um dia de Carnaval para refletir sobre a situação que tende a ser a maior tristeza histórica do milênio. Ora, os resultados virão infalivelmente no “amanhã de depois de amanhã”, como é o título de um filme que virou um dos nossos fantasmas. Anotem:
— O minério de ferro chegou a 220 dólares a tonelada em 2021. Essa cotação influencia o ICMS nos anos de 2023 e 2024. Ou seja, este é o último ano da equivalência do minério a 220 dólares. O fato significa que os cálculos para a partir de 2025 serão bem menores e sequentemente decrescente. O total orçamentário sofrerá uma brusca queda.
— Em 2025, o cálculo será com base na média de 2022 e 2023. Neste ano (2024), comparado ao ano passado, Itabira receberá o ICMS 36% menor do que 2023. Em 2025 (comparado a 2023), o ICMS deverá ser 50% menor ainda. A conclusão é uma pergunta: a Prefeitura de Itabira vai tomar dinheiro emprestado para cumprir os seus compromissos? Pense nisto: chegará à condição mais desesperadora possível e os entendidos vão perguntar: até quando? A resposta: infinitamente, até chegar no zero.
— Para piorar o quadro, por outro lado, o custeio será muito maior em 2025, comparado a 2023, em virtude do novo Plano de Cargos e Salários e subsídio ao transporte, entre outras despesas. Não diga que será inalterado porque o apocalipse psicológico entra em campo. Até furar a bola do jogo.
— Não deve faltar dinheiro hoje, agora, até o fim do ano. Itabira recebeu muitos recursos em 2021/2023 e tem muita sobra de caixa. Este ano deve utilizar a sobra, provavelmente zerar o caixa, com despesas de custeio (folha de pagamento, encargos, fornecedores etc.).
— A partir de 2025, virá, infalivelmente, a dificuldade e será impossível manter o custeio no ritmo atual: o próximo prefeito terá a tarefa de cortar despesas… ou endividar a cidade. Os candidatos ao cargo estão aparecendo. Quem enfiará seu pescoço na guilhotina e será o vilão da história? Este será o tema que terá maior discussão no teatro da campanha eleitoral, deixando de lado até mesmo aeroporto, parque tecnológico, água, penitenciária, lixo, buracos e o que mais houver para distrair o eleitorado.
— Mudando para o lado dos aposentados e pensionistas, o aumento dos servidores da ativa impacta também seus proventos com o novo Plano de Cargos. Para garantia dos beneficiados, é feito um monitoramento anual para saber se os recursos do ItabiraPrev serão suficientes para sustentar as despesas. Caso não sejam, a alíquota de contribuição da Prefeitura (ao ItabiraPrev) aumenta proporcionalmente para equilibrar a conta. E vem aí a incontida bolha de neve remando o bolsão de pobreza que a própria Vale previu no seu nascedouro.
Quem torce pela nossa cidade precisa ter a cabeça no lugar e interessar-se pela nossa salvação. Trata-se de responsabilidade com nossos filhos, netos, bisnetos. No andar da carruagem, que chega às portas do mar para pegar uma nau sem rumo estará nos aguardando a derradeira ação. Para que evitemos o suicídio. A Vale deixará a sua responsabilidade em nossas mãos e terá mil desculpas a apresentar. Salvemo-nos ou morremos. Quem nunca teve nada com isso, dirá apenas:
“Sai de baixo!”
Fonte: Um profissional que entende do tema, muito respeitado em toda Minas Gerais. Em quem todos creem também.