Na quarta-feira passada (21), O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) manteve inalterada a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% a.a. colocando fim em um processo iniciado em março de 2021 quando a taxa estava em 2% a.a. Depois de 12 altas consecutivas podemos estar diante do fim do ciclo do aperto monetário no Brasil.
Esta é a notícia boa, mas diante do cenário de inflação global que tira o sono de americanos, europeus e britânicos dentre outros, a nossa taxa deve permanecer neste patamar mais elevado até que a inflação dos países desenvolvidos, em especial, a dos Estados Unidos e a da zona do Euro comece a dar sinais de arrefecimento. O mercado aposta que a Selic continua nesses níveis até o final de março do ano que vem, e, os mais pessimistas acham que ela deve permanecer inalterada até o final de junho. Se focarmos a análise apenas nos números do Brasil chegamos a acreditar que existe espaço para a redução da SELIC em função da queda da inflação brasileira.
Em setembro, graças à redução nos preços dos combustíveis e ainda das contas de energia e de telefonia, devemos ter o terceiro mês consecutivo de deflação. Diante desse quadro, a inflação projetada para o final do ano, depois da nova rodada de redução do preço do diesel e do gás de cozinha, já está se aproximando do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, 5%. Não se assustem se o Banco Central conseguir entregar a inflação no limite estabelecido.
E por que que eu estou falando tudo isso? Porque em termos de gestão de política monetária e de política econômica, o nosso Banco Central independente deu show e está de parabéns, assim como o governo e sua equipe econômica que sem planos mirabolantes ou qualquer tipo de política intervencionista de controle de preços, decidiu cortar na carne ao zerar e ou diminuir a carga tributária sobre produtos essenciais como combustíveis, energia, telecomunicação e transporte público, diminuindo o preço final para o consumidor e acertando em cheio no controle da inflação.
É bom lembrar que Estados Unidos e Alemanha já estão seguindo o exemplo brasileiro e baixando impostos sobre energia, em geral. Em paralelo, ao contrário do Brasil, o Banco Central dos EUA, o Europeu e o da Inglaterra só começaram nesse ano o seu ciclo de aperto monetário para debelar a inflação, e o que estamos assistindo desde quarta-feira quando houve a decisão de política monetária nos Estados Unidos é a percepção pelo investidor global de que a dor na economia desses países está apenas começando. O ciclo de alta de juros deverá ser mais intenso e mais longo e o pouso não será suave.
O mercado terminou a semana precificando a expectativa de recessão na Europa, na Inglaterra e nos EUA. As bolsas derreteram, o dólar disparou e os juros futuros também subiram. Os preços das principais commodities também caíram antecipando a diminuição do consumo e da atividade econômica, enquanto isso, no Brasil, estamos na direção contrária.
O para casa feito desde o início da pandemia está dando certo e convivemos com a moeda que mais se valorizou em relação ao dólar, com a bolsa de melhor performance porque ao contrário da média dos países do mundo, estamos crescendo a 3% a.a. com inflação em queda, com a menor taxa de desemprego desde 2015, e, com o País gerando superavit nas contas públicas o que não acontecia desde 2013.
Rita Mundim é economista, mestre em Administração e especialista em Mercado de Capitais e em Ciências Contábeis
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