Foi realizada na tarde desta quarta-feira (12), mais uma reunião do Conselho Municipal de Transportes e Trânsito (CMTT). Após o encontro, Ely José de Almeida, gerente da Unidade de Negócios da Cisne, concedeu entrevista à DeFato e revelou que desde o fim do subsídio da Prefeitura de Itabira, a Cisne já teve de realizar empréstimo para pagamento de folha salarial dos colaboradores e possui débitos em aberto com fornecedores. O gerente também reafirmou que corre risco da tarifa pública voltar a ser cobrada de acordo com o valor da tarifa técnica, caso o novo subsídio não seja aprovado.
De acordo com o gerente, desde o fim do subsídio – encerrado em 28 de fevereiro – a Cisne vem arcando com o complemento da tarifa técnica Esse complemento é de R$1,85 por usuário, e faz com que a tarifa pública – ou seja, aquela cobrada na roleta – fique em R$4,00. Segundo Ely, a indefinição da aprovação do novo subsídio à Cisne vem fazendo com que a empresa perca receita e tenha dificuldade em dar andamento nas melhorias condicionantes ao contrato, como a ampliação das linhas e da frota de veículos.
Uma dessas mudanças poderá ser feita na linha 130 – Gabiroba/Fênix, onde a Cisne constatou via sistema de monitoramento online, que há muitos atrasos. Atualmente, a linha possui 94 viagens nos dias úteis, 43 aos sábados e outras 29 aos domingos, com 7 ônibus de segunda a sexta-feira, 5 nos sábados e 2 aos domingos. Com a modificação, a Cisne contrataria 4 novas duplas de funcionários e aumentaria os horários da linha para 98 viagens nos dias utéis, 47 nos sábados e mais 35 nos domingos. Já a frota passaria a compor com 9 ônibus de segunda a sexta, 6 nos sábados e 3 nos domingos.
No entanto, essas e outras alterações só poderão ser feitas com a aprovação do novo subsídio. Questionado sobre como a empresa vem custeando os gastos de operação após o encerramento do primeiro aporte, Ely revelou que a Cisne possui débitos pendentes com fornecedores, além de já ter feito empréstimos para bancar a sua folha de pagamento.
‘‘Já tive que pegar empréstimo com a Pássaro Verde, estamos com notas atrasadas com a Ipiranga e realmente está uma situação difícil. Hoje tivemos uma reunião com o Sindicato e deixamos bem claro que não tem como o acordo coletivo ser realizado agora. Não estamos condicionando uma coisa à outra, na verdade essa é a realidade. Sem recurso não tem como o trabalho caminhar, e essa receita que nós temos não fez frente aos seus custos’’, afirmou o gerente da Unidade de Negócios da Cisne.
Sem acerto em vista, população pode ter que arcar com os custos
Na reunião anterior do Conselho, realizada em março, Ely já havia demonstrado preocupação com o imbróglio do subsídio na Câmara, mas mantinha otimismo pela rápida resolução. Na oportunidade, ele disse: ‘‘Claro que me preocupa a tarifa de R$4 sem subsídio. É uma renda muito menor para a empresa, que lá na frente vai nos dar um prejuízo enorme. Mas tenho confiança que vai chegar o fim do mês e vamos conseguir resolver esse impasse’’, disse o gerente, esperando que o subsídio fosse aprovado no fim de março.
Porém, o projeto de lei só foi lido no plenário e começou a tramitar na Câmara Municipal, após quase 40 dias de espera, no dia 4 de abril. Durante esse período, o presidente do Legislativo, Heraldo Noronha Rodrigues (PTB), travou a matéria por questionar a renovação de contrato com a Transportes Cisne, além de cobrar que fosse destinado um subsídio para baratear a tarifa do transporte público interdistrital, que circula pela zona rural.
Agora, após o início de sua tramitação na Câmara, é necessário que o projeto seja analisado na reunião de comissões temáticas e passe por dois turnos de votações, antes de ser sancionado (ou não) pelo prefeito Marco Antônio Lage (PSB). Muito provavelmente, isso não deverá acontecer até o fim de abril. Diante dessa situação, Ely não fez críticas, mas acha que ‘‘está tudo acontecendo de uma forma muito morosa’’.
‘‘Isso já está gerando um transtorno para a empresa e pode fazer com que a população, de repente, pague uma tarifa muito maior, podendo chegar a R$7,00 em um novo estudo tarifário. Há sim a possibilidade da população arcar com essa situação, assim como os colaboradores já estão sofrendo com essa indefinição de reajuste salarial’’