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Setembro amarelo: o que eu posso fazer

Pode ser que em algum momento você perceba que um amigo, um familiar ou um colega de trabalho esteja precisando de ajuda. Ele anda meio distante, diferente do que costumava ser. Ao contrário do que se pensa, tratar do tema do suicídio não incentiva a pessoa fazê-lo. Contudo, deve ser abordado de maneira cuidadosa. Sabendo disso, como você poderia auxiliá-lo?

Primeiramente, é preciso mostrar que você se importa com aquela pessoa, que você a admira e a quer bem. Muitas vezes quem está passando por problemas graves sente que não tem um lugar no mundo ou na vida de outras pessoas, se sentem isoladas, sozinhas. Ouça o que ela tem a dizer sem julgamentos morais ou religiosos. Podemos até nos indagar: como ela está assim? Ela tem uma família, emprego, amigos…

Mas isso não significa que a pessoa não possa sofrer por algo. Por isso, é importante não julgá-la, pois isto pode fazer com que ela fique ainda mais fechada e seja mais difícil com que ela se abra novamente. Devemos ouvir atentamente, sem reprimir, ou expressar choque com o que é falado.

Em lugar de questionar como ela tem uma vida boa e não teria motivos para estar sofrendo, você pode perguntar: “Como eu poderia te ajudar?”. Com uma conversa empática, se mostrando aberto e compreensivo, a pessoa pode se sentir mais tranquila de dizer sobre o que lhe está acontecendo. Se ela não quiser falar, não tem problema. Você pode frisar que está ali à disposição caso ela queira conversar em um outro momento. Nestas situações, escutar a pessoa é uma ação muito poderosa. Geralmente quem está sofrendo sente que ninguém a ouve, que ninguém a entende. Este passo simples já faz uma grande diferença.

Por mais que você se preocupe com a pessoa, isto não substitui o que uma ajuda profissional pode trazer. Um especialista estará preparado para lidar com a questão de um outro ponto de vista. Pode ser que sem perceber você acabe julgando a pessoa, ou sugerindo soluções que não sejam indicadas para o caso. Incentive-a a procurar auxílio profissional. Temos o Centro de Valorização da Vida (CVV – Telefone: 188 ou www.cvv.org.br/chat), os CAPS na rede pública e uma ampla gama de psicólogos e psiquiatras.

Além disto, se estamos em dúvida sobre algo, sempre podemos aprender mais como auxiliar, entender melhor sobre o tema, para desconstruir estigmas e preconceitos. Devemos também reconhecer nossos próprios limites. Pode ser que chegue em um ponto que fique difícil para você ajudar a pessoa, e não há nenhum problema nisso. Também temos nossas questões, nossas preocupações. Por isso é interessante indicar uma ajuda profissional. Fazemos nosso possível, com nossas limitações, ainda que possa parecer pouco. Esse “pouco” pode ser a diferença entre a vida e a morte.

Arthur Kelles Andrade é psicólogo, mestrando em Estudos Psicanalíticos

O conteúdo expresso neste espaço é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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