A mais famosa casa branca do planeta está localizada no número 1600 da Avenida Pensilvânia, em Washington DC (Distrito de Colúmbia). A “Casa Branca”- sede do governo americano- é a atual moradia de Joseph Robinette Biden, popular Joe Biden. Esse senhor e sua família vivem no imóvel há quase quatro anos. Talvez tenham que desocupá-lo em janeiro de 2025.
Mas, muita atenção com o título dessa coluna. Devagar que o santo é de barro. A narrativa sobre a intervenção do “Todo Poderoso” demanda um exemplo prático e análise metafísica. A primeira proposição começa com uma cena banal do Brasil. Em 21 de maio de 2022, Jair Bolsonaro teve dificuldades naturais em manter a sua indomável língua no ponto morto. Durante participação na “Marcha para Jesus”, em Curitiba, o então tagarela maior da República não se conteve e disparou: “Só Deus me tira daquela cadeira”. Claro, o “digníssimo” fez uso de metáfora para se referir ao cargo de presidente da República.
Coisa estranha. O vaticínio não se confirmou. Algum evento sobrenatural aconteceu em 30 de outubro de 2022. Naquele dia, o Messias tropical enfrentou Lula no segundo turno e acabou derrotado por irrisória diferença de 1,76% (cerca de dois milhões de votos). O resultado do pleito ressuscita tradicional pergunta – aquela que insiste não calar: Luiz Inácio da Silva é Deus? Afinal, o petista ejetou Bolsonaro da poltrona mais cobiçada do país. Relembre: “Só Deus me tira do Palácio do Planalto”, previu Jair. Vida que segue.
Agora é hora da análise metafísica desse papo furado. Vamos ao ponto. Donald Trump só não ganhará as eleições de 5 de novembro se o tal Deus interferir no arranca-rabo eleitoral da terra de Tio Sam. Convém tomar um pouco de cuidado no trato com a divindade. Não se sabe se o criador de todas as coisas (caso, ele haja) se preocuparia com mesquinharias mundanas. O ser humano é uma entidade extremamente prepotente, pois acredita ser imagem e semelhança de algo que nunca viu. O “dono do mundo”, por sua vez, é onisciente. O “cara” tem ilimitado saber. Esse conhecimento pleno recomenda providencial afastamento dos tóxicos habitantes desse insignificante asteroide (ou planeta Terra). Deus aparentemente tudo vê e entende, mas compreensivelmente não se envolve com nada daqui. Conclusão. Não conte com a participação do “Dito Cujo” na sucessão presidencial da maior potência do mundo.
Essa colocação, porém, não ignora a seguinte percepção: o republicano de vistosos cabelos russos (visual talvez em homenagem a Vladimir Putin, o autêntico russo) é franco favorito na disputa. Trump lidera todas as pesquisas de opinião com relativa tranquilidade. O megaempresário conta ainda com o apoio de um poderosíssimo cabo eleitoral. Esse fundamental puxa-votos tem nome e sobrenome: Joe Biden. O atual mandatário estadunidense é trôpego octogenário. Mas, atenção. Aqui não se faz referência à situação física do sujeito. A menção remete a vacilos mentais e imprevidências verbais. O órgão da fala do atual chefe do Executivo americano é mais veloz que a elaboração do pensamento “bideniano” (até parece certo brasileiro).
O panorama atual, em condições normais, seria favorável ao detentor do poder. A economia dos Estados Unidos encontra-se num bom momento e o país vivencia um período de pleno emprego. Dois fatores externos, porém, complicam a vida do velho Joe: a guerra da Ucrânia e o massacre patrocinado pelo governo judeu na Faixa de Gaza. O atabalhoado papel de coadjuvante no conflito do Oriente Médio está provocando a fuga do eleitorado mais jovem, por exemplo. Essa movimentação pode ser fatal para as pretensões do democrata. Conclusão dessa conversa pra boi dormir. No Brasil, o deus Lula defenestrou Jair Bolsonaro do Palácio do Planalto. Lá na América do Norte, a história talvez se desenrole de uma maneira surrealista. O deus Benjamin Netanyahu poderá escancarar as portas da “Casa Branca” para Donald Trump. A ver.
Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.
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