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STF investiga família do deputado federal Fausto Santos Jr. por suposta lavagem de dinheiro

STF investiga família do deputado federal Fausto Santos Jr. por suposta lavagem de dinheiro

Deputado federal Fausto Santos Jr. - Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Um desdobramento da CPI da Covid resultou na abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre suspeitas de lavagem de dinheiro e de corrupção passiva envolvendo o deputado federal Fausto Santos Jr (União Brasil-AM). O ministro Dias Toffoli distribuiu os autos no dia 30 de outubro — eles correm em segredo de Justiça.

A investigação, inicialmente, tramitou no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas foi aberta a partir de uma solicitação do senador Omar Aziz (PSD-AM), que presidiu a CPI da Covid em 2021.

À PF, Aziz levantou a suspeita sobre suposto favorecimento da conselheira do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) Yara Amazônia Lins Rodrigues por empresas que atuaram na saúde do Amazonas durante a pandemia em troca de vantagens indevidas.

A conselheira, que tem foro no STJ, é uma das investigadas, mas as apurações se estenderam à sua família, atingindo o seu filho, Fausto Santos Jr, que tomou posse na Câmara dos Deputados neste ano.

As suspeitas sobre o deputado vieram à tona após informações de relatórios financeiros do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontaram movimentações suspeitas em sua conta.

O ministro do STJ Antônio Carlos Ferreira foi quem determinou a transferência do inquérito para o STF, atendendo um pedido do Ministério Público Federal, feito em 5 de outubro.

Procurado pela imprensa, o deputado Fausto Santos Jr. afirmou em nota que “não existem indícios de crime, mas sim o de uma possível perseguição política, à luz do contexto que se apresentava à época”. Nos autos, Yara também nega ter cometido irregularidades e afirma que a investigação usa provas ilícitas.

As suspeitas sobre Fausto se deram após ser chamado a depor na comissão da Covid, quando foi indagado por senadores qual o motivo de ele não ter pedido o indiciamento do governador do estado, Wilson Lima. A partir daí, Aziz protocolou o pedido de investigação sobre sua mãe. “Causou muita surpresa em todos os senadores integrantes da CPI, o governador ser poupado, quando, em sua visão, havia indícios de enriquecimento incompatível com os ganhos da conselheira, mãe do deputado”, disse.

Aziz anexou documentos sobre imóveis e veículos de luxo que seriam, segundo suas suspeitas, usados pela conselheira e por familiares e que não estavam registrados em seus nomes.

Aziz pediu também investigação sobre a relação da Yara com empresas que prestaram serviços de saúde para o estado de 2018 a 2021, quando, com autorização do STJ, a PF passou a investigar as suspeitas dos crimes de lavagem de dinheiro, de advocacia administrativa e de corrupção passiva.

Sobre o deputado Fausto Jr., o órgão identificou movimentações suspeitas em abril de 2020, com quantia significativa por meio de conta pouco movimentada ou de conta que acolha depósito inusitado.

Somando-se a isso, um dos veículos fotografados em frente à residência da conselheira pertencia a uma das empresas suspeitas de favorecimento.

Por meio de nota, o deputado disse que “apresentará todas as documentações e evidências necessárias de forma transparente para comprovar a compatibilidade de nossos rendimentos com nosso patrimônio, e afirma que há perseguição política e que, a mera distribuição [ao STF] por conta de competência originária não demonstra nada em termos de culpabilidade”.

A defesa de Yara foi procurada, mas não respondeu ao pedido de manifestação feito pela reportagem.

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