Essa quarta-feira (15) foi marcada por cenas absurdas no Espaço Lonier, CT do Botafogo. Torcedores organizados do clube invadiram o local para cobrar jogadores e dirigentes pela má fase recente do Glorioso, sem vencer há quatro jogos no Campeonato Brasileiro, competição que você pode acompanhar na SKY TV Pré Pago.
Um fato vergonhoso, mas que passa longe de ser uma novidade. Invasões como essa vão na contramão do profissionalismo que precisa ser consolidado no nosso futebol. Mas nada disso acontece por acaso.
Há anos, relativizamos comportamentos inadequados dos torcedores com o argumento da “passionalidade”. É óbvio que se tratam de pessoas movidas pela paixão, mas isso não as torna seres incontestáveis. Nenhum de nós é. Sempre precisamos discutir o comportamento das torcidas, afinal, ele impacta diretamente nas decisões do campo.
Coloque em um caldeirão a falta de preparo e convicção dos dirigentes e o modo de torcer brasileiro – baseado na cobrança excessiva e a impaciência diante de qualquer falha, semelhante a uma relação cliente x funcionário – e teremos um ambiente tóxico e cada vez mais pesado. Aos poucos, o grito da arquibancada foi ganhando muito mais peso do que deveria, sem sequer percebermos.
Mas para além de toda essa insanidade que precede o absurdo, outros questionamentos também precisam ser feitos. Como pode ser tão simples um grupo de torcedores entrar no ambiente de trabalho de um dos clubes mais importantes do país? Havia fiscalização no local? Se sim, ela foi conivente com a invasão?
Fato é que o episódio de hoje pouco tem a contribuir com a fase do Botafogo, 17º colocado no Brasileirão. Certamente, veremos nos próximos jogos um time ainda mais nervoso, jogadores assustados e um possível afastamento de novos atletas que poderiam agregar ao clube, como o ótimo Zahavi. Tudo por conta do torcedor e sua “passionalidade”, a qual também pode ser definida, em certos momentos, como pura burrice.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.