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Telegram terá que dar explicações sobre envio de mensagens contra PL das Fake News aos seus usuários

Telegram terá que dar explicações sobre envio de mensagens contra PL das Fake News aos seus usuários

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Após enviar mensagem contra a PL das Fake News para todos os usuários do seu aplicativo, o Telegram Brasil foi intimado pelo Ministério Público Federal (MPF) a dar explicações. A empresa de tecnologia e comunicação também enfrenta a revolta de membros do Congresso Nacional.

Diante do comunicado do Telegram, o MPF quer saber qual dispositivo dos termos de uso da plataforma autoriza o disparo em massa por meio do canal “Telegram Notifications” de conteúdos não relacionados a atualizações técnicas e comunicações sobre recursos de aplicação.

O MPF também questiona se a plataforma oferece um espaço destinado a opiniões contrárias ao seu posicionamento ou se a comunicação foi feita sem a possibilidade de questionamento por parte de quem discorde.

O comunicado

A publicação começou a aparecer para os usuários do Telegram na última terça-feira (9). Trecho do texto diz que “a democracia está sob ataque no Brasil. A Câmara dos Deputados deverá votar em breve o PL 2630/2020 que foi alterado recentemente para incluir mais 20 artigos completamente novos que nunca foram amplamente debatidos. Veja como esse projeto de lei matará Internet moderna se for aprovado com a redação atual. Caso seja aprovado, empresas como o Telegram podem ter que deixar de prestar serviços no Brasil”.

O comunicado prossegue: “esse projeto de lei permite que o governo limite o que pode ser dito online ao forçar os aplicativos a removerem proativamente fatos ou opiniões que ele considera ‘inaceitáveis’ e suspenda qualquer serviço de internet — sem uma ordem judicial. Por exemplo, o Ministro da Justiça requisitou recentemente sanções contra o Telegram, alegando que o aplicativo ‘não respondeu a uma solicitação’, antes mesmo da solicitação ser feita. Se o PL 2630/2020 estivesse em vigor, o governo poderia ter bloqueado imediatamente o aplicativo como ‘medida preventiva’ até que o Telegram provasse que não violou nenhuma lei”.

O Telegram, ainda, conclama que “cada usuário fale com o seu deputado pela sua própria plataforma ou nas redes sociais”. E finaliza: “os brasileiros merecem uma internet livre e um futuro livre”.

Repercussão

Em uma entrevista ao site Poder360, Giovana Ghersel, especialista em direito digital penal, disse que a nota emitida pelo Telegram não é ilegal, mas que as plataformas “não podem interferir no sistema eleitoral ou legislativo”.

Ghersel exemplifica com o caso do Cambridge Analytica, que utilizou dados pessoais de usuários do Facebook para influenciar na votação para presidente dos Estados Unidos, em 2016.

A especialista lembrou também o caso recente do Google, que teve que retirar todos os anúncios, textos e informações veiculados contra o PL das Fake News. A gigante de tecnologia publicou, em 1º de maio, na capa do seu sistema de buscas online, um texto com o título: “O PL das Fake News pode aumentar a confusão sobre o que é mentira ou verdade no Brasil”.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder de governo na Câmara, disse na terça-feira, que vai acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para incluir o Telegram no inquérito que apura as fake news, sobre disseminação de notícias falsas.

Penalizações

Em 26 de abril, o Telegram foi retirado do ar de forma provisória, por determinação da Primeira Vara Federal de Linhares, no Espírito Santo, além de ter recebido uma multa de R$ 100mil a até R$ 1 milhão por dia de descumprimento da decisão.

A penalidade aconteceu devido “precariedade” das explicações oferecidas pela plataforma à Polícia Federal sobre grupos nazistas e neonazistas no aplicativo do Telegram.

A plataforma retornou às atividades após três dias da decisão, por determinação do juiz federal Flávio Lucas, da Segunda Turma Especializada do TRF-2 (Tribunal Regional da Segunda Região). Apesar da liberação da atividade, a multa foi mantida.

PL das Fake News

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do PL das Fake News, pediu a retirada do projeto de pauta no último dia 2 de maio. Com isso, ainda não há uma data para que o texto seja colocado em votação na Câmara dos Deputados.

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