Inicio dizendo que neste texto você não encontrará o que o título promete. Não há três passos para a felicidade. Nem quatro, nem dez. Ao menos não há os mesmos passos que sirvam para todos. A suposta felicidade não é idêntica para todas as pessoas. Não adianta seguir uma receita, pois ela provavelmente não funcionará completamente para você.
Grandes perfis de redes sociais postulam uma cartilha para chegar ao topo da montanha: uns dizem que é acordar às cinco da manhã, outros dizem que é economizar o cafezinho, seguir aquela rotina de exercícios e de alimentação restritiva. Não quero dizer que isso não funcione para estas pessoas, não sei como elas são em sua rotina na vida real, se elas realmente fazem o que pregam nas redes sociais. O que quero trazer é que essas dicas não são generalizadas: elas servirão para algumas pessoas e para outras não.
O mundo em que vivemos nos pede que sejamos produtivos e felizes o tempo todo. Não há espaço para falhar, para repensar, para voltar atrás. Devemos seguir sempre em frente, sempre certos do caminho e sempre felizes com ele. Contudo, não existe um estado de felicidade constante. Ela está presente em momentos, longos ou curtos, que são absolutamente necessários em nossas vidas, mas não estarão ali o tempo todo.
A gente se esquece que também nascemos sentindo os afetos que são vistos como negativos, como a tristeza, o medo, a agressividade. Eles devem ter seu espaço, devem ser manejados de maneira saudável. Se não for assim, eles eventualmente encontrarão formas de se manifestar, como em estados depressivos, surgimento de doenças, entre outras possibilidades. A felicidade pode estar inclusive na superação de um momento difícil.
Quem nunca se sentiu feliz ao conseguir passar em uma prova, em vencer uma doença, em conseguir juntar dinheiro e comprar com esforço algo que queria muito? O que entendemos por felicidade nem sempre está envolvido somente com aspectos positivos.
A felicidade não é o destino final do caminho que percorremos, ela está presente durante o percurso em diferentes momentos, seja qual for sua intensidade. Na tarefa de encontrar estados de felicidade, até podemos pegar indicações com outras pessoas, ver o que elas fazem para “serem felizes”, mas, na verdade, o caminho é individual, cada um deve encontrar o próprio jeito de percorrê-lo.
Arthur Kelles Andrade é psicólogo, mestrando em Estudos Psicanalíticos
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