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Uma história de 76 anos ao lado do trabalhador itabirano

Metabase

Em 1945, com o intuito de oferecer serviços assistencialistas aos trabalhadores, surgia a “Associação Profissional dos Trabalhadores na Indústria de Extração de Ferro e Metais Básicos de Presidente Vargas”. Cinco anos depois, uma página era virada e a associação se transformava em Sindicato Metabase. Com o passar dos anos, a instituição foi se renovando, adaptando a novos contextos e vê sua história sendo reconhecida no prêmio de melhor sindicato pelo Top of Mind.

Durante esse período foram mais de 13 presidentes. Atualmente, a entidade segue sob o comando do ex-vereador André Viana, no cargo há três anos. Ele explica o objetivo primordial da associação, que hoje representa cerca de 20 mil profissionais, é a defesa do trabalhador da mineração. “É impossível discutir isso sem tocar no aspecto social. O trabalhador não é simplesmente um robô, que ao sair da empresa se desliga. Ele é pai, mãe, filho… e precisa de saúde, lazer, convívio social. Então, o sindicato defende a igualdade dos trabalhadores na aquisição de renda pela troca de sua mão de obra, que nem sempre é suficiente para sustentar uma família completa”.

Em uma jornada que atravessa décadas, é natural que novas lutas surjam a todo o momento. Uma das mais atuais é o avanço do trabalho informal no Brasil, um fenômeno que preocupa o sindicato. “A questão dos aplicativos nos preocupa. Hoje, o avanço tecnológico quer impor aos empregados um ritmo de máquina. Essas empresas não tem uma sede própria, controlam milhares de trabalhadores através de aplicativos, mas sob quais condições? Óbvio que são necessárias e não há como fugir disso, mas os países não estão criando regras para legalizá-las. O avanço é importante, mas não pode ser a custo de uma mão de obra sem nenhum direito e benefício”, detalha André Viana.

“O reconhecimento ocorre pelo nosso respeito à categoria, resistência e a voluntariedade”, André Viana.

E, diante dessa nova era, a busca do Metabase tem sido orientar os sindicalizados quanto à especialização em suas respectivas áreas. “Temos incentivado a categoria a se atualizar, pois isso acontece em nosso ramo também. Hoje, já existem, por exemplo, caminhões teleguiáveis, que não precisam de um operador. Por outro lado, nascem novas funções. Se existe um robô, é necessário alguém que o controle. Ao mesmo tempo, tentamos junto às empresas uma proteção a essa nova categoria que está nascendo, buscando orientar e politizá-la sobre os seus direitos”, destaca o sindicalista.

Lutas internas

Sobre a atuação durante esse período de crise econômica, André Viana ressalta que a prioridade tem sido fomentar ações que, em alguns momentos, tem sofrido resistência. Ele afirma que tal reação favorece um grupo com pouco interesse nos direitos trabalhistas. “O sindicato se faz valer, através de ações fortes, que vem sendo menosprezadas por várias pessoas. Claro que nossa classe precisa se inovar, e, assim como em qualquer outra área, existem profissionais ruins, mas não podemos generalizar. Então, começou-se a criar uma ojeriza aos sindicatos, uma campanha cujo intuito foi destruir o único bastião de luta que o trabalhador tem em mãos”.

André, no entanto, pondera que o cenário muda quando o trabalhador passa a sentir na pele algumas dificuldades da sua área de atuação. “Alguns tinham interesse no nosso enfraquecimento, pois éramos nós que estávamos na porta da empresa incomodando na busca pelos direitos. Porém, muitos cidadãos já estão olhando pra trás e percebendo que estão perdendo alguns benefícios e direitos, se vendo obrigados a reagir”.

Paralelo a essa rejeição, outro problema atual tem sido a falta de poder de compra dos trabalhadores da região. A queixa mais comum são os baixos salários oferecidos, que não os permite realizar investimentos mais contundentes. “Em suma, a grande queixa que recebemos é sobre o dinheiro, porque o poder de compra caiu muito de alguns anos pra cá. Hoje, o trabalhador se vê impossibilitado de investir, pois houve um momento em que as empresas começaram a trocar o salário por benefícios, que são fatores importantes, claro, mas não valem como pagamento quando você vai adquirir um bem maior. As pessoas não estão conseguindo ter suas necessidades básicas atendidas, e isso é muito grave”.

E como em toda história de luta, avanços acontecem e ficam marcados. André cita alguns deles, como reajustes salariais e a conquista do selo de relevância por uma tese apresentada em um processo. Ele conclui a entrevista ressaltando o trabalho conduzido pelo sindicato. “Precisamos ser respeitados. Ficamos extremamente gratos com o reconhecimento, e isso ocorre pelo nosso respeito à categoria, resistência e a voluntariedade. É uma instituição que representa funcionários de diversas empresas, de 32 cidades da região, e queremos trazer cada vez mais dignidade a um trabalho sério, transparente e moderno, que nunca perderá os seus princípios: a luta e proteção dos trabalhadores”.

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