Há uma máxima no futebol brasileiro de que os clubes pertencem aos seus torcedores. No entanto, esta convicção tem ficado para trás, e no Cruzeiro não é diferente. Principal razão de ser da instituição, o cruzeirense sente, pouco a pouco, sua voz perder força no dia a dia do clube.
A cada movimento, no mínimo, estranho da gestão Sérgio Santos Rodrigues – ou como era na antiga gestão Wagner Pires de Sá – a revolta se faz presente, especialmente nas redes sociais. Mas ela parece ser em vão. Hoje o Cruzeiro é dominado por uma turma que faz o que bem entende do clube. Não que as decisões administrativas precisem ser avalizadas de acordo com a opinião pública, mas não há o mínimo comprometimento em ouvir o torcedor. E o mais grave: quase todas as cartadas, feitas de forma unilateral, não funcionam.
Mas existe um momento no qual o cruzeirense é lembrado: quando o clube precisa de doações financeiras. Aí os dirigentes se reinventam, apelam à força popular dos 9 milhões que choraram o rebaixamento em 2019, criam ações de marketing para recebimento das doações e dão o protagonismo que a torcida deveria ter. O complicado, neste caso, é que a corrida por recursos financeiros deveria ser de inteira responsabilidade da gestão SSR.
A recusa por um nome do quilate de Alexandre Mattos e o iminente acerto com Rodrigo Pastana para o cargo de diretor de futebol são dois exemplos desta distância entre clube e torcedor. Nos dois casos, o cruzeirense possui argumentos muito mais sólidos do que a presidência. E não é por acaso. Um acompanha o clube há décadas e o conhece de cabo a rabo, enquanto o outro tomou a instituição para si e faz dela um reflexo do seu próprio ego.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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