Um presidente eleito pela terceira vez para comandar o Brasil que não consegue entender como o comportamento das principais variáveis econômicas afeta diretamente a vida dos brasileiros, e, em especial, a vida dos mais pobres, deixa de corresponder à confiança depositada na urna pela maioria da população.
Desde o início da campanha insisti e continuo insistindo que a falta de um programa econômico era a maior fragilidade e o maior risco para o País da então candidatura de Lula, que declarou abertamente que o importante era vencer as eleições para depois acertar com seus apoiadores o que fazer com a gestão do Brasil.
Vários setores da economia apoiaram esse discurso de cheque em branco na esperança de que teríamos um rumo baseado na carta escrita pelo então candidato, ao povo brasileiro, e, na qual Lula prometia dentre outras coisas previsibilidade e responsabilidade fiscal. A fala e a candidatura de Lula foi endossada por economistas como Armínio Fraga, Pedro Malan e Edmar Bacha. Meirelles participou de encontros e parte da sociedade brasileira acreditou e votou na esperança de um mandato como foi o primeiro, o Lula I.
Mas na medida em que os nomes são anunciados e o esboço do que será a economia em um mandato Lula III, começamos a enxergar o pior dos fantasmas: uma economia a La Dilma II que levou o País para a pior crise econômica da história. O estatizante Guilherme Telles juntamente com o homem de confiança de Dilma na área econômica, Nelson Barbosa, estariam juntos com Pérsio Arida e André Lara Resende no leme da economia da equipe de transição.
Um barco com uma tripulação diversa demais para o entendimento da rota de navegação. E nome após nome em todas as áreas a sensação era a mesma: mais do mesmo. O susto aumentou com a indicação do ministro desenvolvimentista de Dilma, Guido Mantega, inabilitado pelo Tribunal de Contas da União a exercer cargo em comissão ou função de confiança na administração pública federal por punição envolvendo o caso das pedaladas fiscais, para comandar a área de planejamento, orçamento e gestão.
Paira ainda no ar a expectativa do nome do futuro ministro ou ministros para a área da Economia hoje sob o comando de Paulo Guedes e que pode ser fatiada em 4 novos ministérios. O nome forte continua sendo o de Fernando Haddad que não agrada e nem acalma o mercado.
Nessa curta semana a bolsa despencou, o dólar subiu e as taxas futuras de juros dispararam. No mês a bolsa cai mais de 4%, o dólar sobe mais de 4%. Os juros reais pagos pelas NTNBs 2026 que estavam na faixa de 5,4%a.a. já estão acima de 6,00%a.a., no relatório de mercado, Boletim Focus do Banco Central, os economistas ouvidos já começaram a aumentar a projeção de inflação para o final do ano, já estamos na terceira alta consecutiva.
Prezado presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o preço do Brasil no mercado reflete a qualidade da gestão do País. Quando a bolsa cai, a queda precifica um menor crescimento da economia e consequentemente menos emprego para o trabalhador, menos renda e menos consumo para as famílias brasileiras.
Quando o dólar sobe, nós ficamos mais pobres em moeda forte e consequentemente perdemos poder aquisitivo pela queda da moeda e em seguida pela inflação que pode vir em decorrência dessa queda e para conter a inflação e uma fuga de capitais pela má gestão do País, os juros sobem e tornam o crédito mais caro diminuindo o consumo das famílias e o investimento das empresas nos seus negócios. O representante do partido dos trabalhadores quer dizimar o emprego e colocar o País de volta na ciranda financeira?
Armínio Fraga, Malan e Bacha já cobraram em carta um posicionamento responsável, Mantega parece ter sido convidado a sair, e aí senhor presidente eleito, juízo e responsabilidade fiscal é o que a sociedade espera de qualquer governo. Contabilidade criativa ou qualquer outro tipo de devaneio heterodoxo poderá jogar seu mandato no mesmo buraco histórico do segundo mandato de Dilma.
Rita Mundim é economista, mestre em Administração e especialista em Mercado de Capitais e em Ciências Contábeis
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