A Vale anunciou no dia 17 de outubro a criação de uma empresa para a comercializar e distribuir areia fabricada com rejeitos da sua produção de minério de ferro — que segundo a empresa pode ser usado para diversas finalidades. A medida tem como objetivo reduzir a disposição desses materiais em barragens ou pilhas. A nova subsidiária da mineradora, batizada como Agera, prevê a venda de um milhão de toneladas da areia sustentável, gerando uma receita de R$ 18 milhões, somente em 2023.
É um volume ainda tímido se comparado aos cerca de 47 milhões de toneladas de rejeitos produzidos apenas em 2022. Porém, a expectativa da companhia é de ampliar a fabricação da areia sustentável a partir das operações da mineradora nos próximos anos.
Os rejeitos são gerados a partir do processamento a úmido do minério de ferro, método utilizado atualmente em 30% da produção da Vale, e são compostos basicamente de sílica, o principal componente da areia, e óxidos de ferro. Do material enviado para as barragens, de 70% a 80% dele é de material arenoso.
A sede da Agera será em Nova lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde ela receberá a areia produzida a partir do tratamento dos rejeitos e vai promover sua comercialização e distribuição. A Vale iniciou as vendas desse subproduto em 2021. Para cada tonelada da areia sustentável, a Vale deixa de depositar uma tonelada de rejeitos em suas barragens de rejeito de minério de ferro.
Cerca de 900 mil toneladas do produto já foram destinados à construção civil e a projetos de pavimentação rodoviária. A Agera tem a expectativa de atingir cerca de 2,1 milhões de toneladas em 2024, ampliando a receita frente a 2023 em R$ 63 milhões, e de 3 milhões de toneladas em 2025. A estimativa é do diretor de negócios da Vale, Fabio Cerqueira.
A areia é produzida na mina de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo, ativo que respondeu em 2022 por um total de 3,6 milhões de toneladas de rejeitos de minério de ferro produzidos pela companhia.
Também a mina de Viga, em Congonhas, respondeu por uma pequena parcela da produção e há previsão de que nos próximos meses tenha início a fabricação de areia a partir dos rejeitos da mineração no Sistema Cauê, em Itabira.