Site icon DeFato Online

Vale e Governo de São Paulo assinam convênio para estudo e propagação de plantas raras

Vale

Plantas de Vriesea minarum L.B.Sm. geminadas via técnica de cultura in vitro e em desenvolvimento nos laboratórios da URPD de Piracicaba da APTA. Foto: Divulgação

Cientistas e pesquisadores de todo o Brasil, com a coordenação da APTA Regional de Piracicaba, da Agência Paulista de Tecnologia de Agronegócios – ligada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo – e a Vale estão pesquisando técnicas para propagação e multiplicação de plantas raras e endêmicas do Quadrilátero Ferrífero/Minas Gerais.

O intuito é garantir a sobrevivência das espécies e a criação de novos protocolos para produção em viveiros, reintrodução em ambientes alterados, introdução em novos locais e estudos genômicos, ciência que estuda a formação dos organismos com o objetivo de entender a sua estrutura e função, possibilitando definir estratégias personalizadas de rastreamento, prevenção e inovação.

Espécime de Dyckia sp. germinada via técnica de cultura in vitro e em desenvolvimento nos laboratórios da URPD de Piracicaba da APTA. Foto: Divulgação

O projeto, denominado “Rede Propagar”, conta com pesquisadores de Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) como: APTA, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

No Brasil, enquanto algumas plantas de importância econômica e ecológica são intensamente estudadas, outras espécies mais vulneráveis, como as endêmicas dos campos rupestres, recebem menos esforços de pesquisa, necessitando do estabelecimento de ações e programas de conservação. Neste sentido, novas pesquisas podem contribuir para compreender a dinâmica populacional das espécies e garantir sua sobrevivência.

“Na literatura atual não temos informações técnicas sobre propagação e produção de muitas das plantas endêmicas dos campos rupestres do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais em viveiros. Esse trabalho irá contribuir efetivamente não só para sobrevivência e reprodução de espécies raras, mas também como suporte para o desenvolvimento de planos de conservação e manejo, além de deixar um importante legado científico. Para a sociedade em geral, as informações contribuirão para atividades de educação ambiental e conservação da biodiversidade, podendo ser utilizadas por escolas, associações comunitárias, ONGs e demais grupos que se interessem pelo tema, como por exemplo uma produção em maior escala destas espécies”, destaca Ana Amoroso, engenheira florestal da Vale.

Espécime de Dyckia desinflora Schult. & Schult.f. germinada e aclimatada em casa de vegetação. Foto: Victor Eduardo/DeFato Online

Para os experimentos de propagação, produção de mudas e estudos genéticos serão utilizados materiais vegetais coletados em unidades de conservação, parques estaduais e federais e áreas protegidas pela Vale. O Quadrilátero Ferrífero tem uma área aproximadamente de 7.200km2 abrangendo o sul da Cadeia do Espinhaço, e essa região é considerada uma das de maior diversidade da flora da América do Sul contendo cerca de 30% da flora endêmica.

“Os resultados irão viabilizar avanços científicos inéditos, novas estratégias de conservação e recuperação da biodiversidade do Quadrilátero Ferrífero, além de fomentar o desenvolvimento sustentável e econômico das comunidades locais, uma vez que o conhecimento será compartilhado, através de cartilhas e outros meios de comunicação, para uso por pequenos produtores e viveiristas o que irá viabilizar o aumentando da produção e distribuição dessas espécies”, destaca a professora e doutora Maria Zucchi, da APTA Regional de Piracicaba.

As plantas resultantes dos processos de germinação de sementes e micropropagação serão transferidas para a estufa agrícola para testes de substratos, crescimento e aclimatação e serão expostas a diferentes ambientes de aclimatação buscando tratamentos que aumentem a sobrevivência das mudas quando transplantadas na natureza. Também importante destacar que a revegetação de áreas degradadas com a introdução dessas espécies nativas, já adaptadas às condições ambientais presentes, pode acelerar a recuperação ambiental e aumentar a possibilidade de sobrevivência nestas áreas.

Paepalanthus. Foto: Divulgação

Reservas próprias em Minas Gerais

A Vale mantém 13 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), que ocupam uma área de mais de seis mil hectares na região do Quadrilátero Ferrífero. Além das RPPN, a empresa possui mais de 54 mil hectares de áreas preservadas. Essas áreas desempenham importante papel para a conservação de remanescentes da Mata Atlântica e do Cerrado e contribuem para a formação de corredores ecológicos e manutenção de serviços ecossistêmicos essenciais, como a manutenção do fornecimento de água, a regulação climática e a polinização. Também contribuem para a preservação das belezas cênicas e ambientes históricos.

Um exemplo é a RPPN Mata do Jambreiro, que ocupa uma área de 912 hectares na Mina de Águas Claras, em Nova Lima (MG). A reserva se configura em um bolsão de preservação da Mata Atlântica de alto valor para a conservação na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Dyckia, uma das espécies em uso no projeto. Foto: Divulgação
Exit mobile version