Na última quinta-feira (18), a Vale anunciou aos moradores dos bairros Bela Vista, Nova Vista e adjacências, que a empresa irá iniciar a construção da segunda Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ2) – projeto que faz parte das obras de descaracterização dos diques Minervino e Cordão Nova Vista, que compõem o Sistema Pontal. Para a obra ser realizada, mais 17 famílias – que já estão em processo de negociação com a mineradora – serão removidas da região.
A empresa não detalhou por onde a mega-estrutura será construída, se limitando apenas a dizer que o muro será levantado em “região específica do bairro Bela Vista”. Além disso, não foi informado aos moradores um plano para mitigar os impactos sociais, psicossociais e de segurança pública às centenas de pessoas que ficarão na comunidade e se tornarão vizinhas à estrutura de concreto e aço. Em função destas – e de outras reclamações – a reunião realizada no Centro Pastoral da Igreja São José, terminou com revolta e muitas dúvidas sem esclarecimento.
Nesta segunda-feira (22), a mineradora enviou uma nota oficial à DeFato, afirmando que a obra “é uma medida que visa a segurança das comunidades”, que “as ações realizadas até o momento não são parte das obras de instalação da estrutura” e que tem mantido contato constante com as famílias e os moradores envolvidos para as devidas tratativas. No entanto, a empresa não detalhou sobre o que será feito para assistir aos demais atingidos que ficarão na comunidade.
Confira a nota da Vale na íntegra
“A Vale esclarece que a nova estrutura de contenção a jusante (ECJ) no Sistema Pontal, em Itabira (MG), é uma medida que visa a segurança das comunidades durante a descaracterização dos diques Minervino e Cordão Nova Vista, uma obrigação legal e também um compromisso assumido pela companhia.
Antes de iniciar as atividades, estão sendo realizados testes preliminares, previamente comunicados às partes envolvidas. As ações realizadas até o momento não são parte das obras de instalação da estrutura. A Vale já adota e continuará adotando todas as medidas de monitoramento e ações mitigatórias para eventuais impactos das obras. Importante destacar que a obra da ECJ II será implantada com a mesma tecnologia utilizada na ECJ Coqueirinho, que gera menos ruído e vibração.
Na última quinta-feira (18/4), a empresa realizou mais uma roda de conversa com os moradores de bairros próximos ao Sistema Pontal, com o objetivo de apresentar o projeto da nova estrutura de contenção a jusante (ECJ) e sua localização. Foi esclarecido também que para a construção da nova estrutura de contenção será necessária a desocupação de 17 imóveis. A empresa tem mantido contato constante com as famílias e os moradores envolvidos para as devidas tratativas, que são realizadas com base no Termo de Compromisso firmado junto às instituições competentes.
A Vale reitera ainda que possui um canal exclusivo de comunicação com a Assessoria Técnica Independente (ATI) e seguirá aberta ao diálogo, com disponibilidade para tirar dúvidas e solucionar intercorrências.”
Saiba mais sobre o muro
Com início das obras previsto para o mês de maio, o “mega-muro” será construído dentro da área da Vale, terá 330 metros de extensão e será composto por diversas estacas metálicas tubulares, com no máximo seis metros de altura externa – além de vários metros de perfuração interna ao solo.
Segundo a empresa, as obras começarão com a montagem das estruturas de acesso, para depois seguir ao processo da cravação das estacas, utilizando a mesma tecnologia envolvida nas obras da ECJ Coqueirinho, finalizada em 2022. A previsão é que a ECJ2 seja entregue no primeiro semestre de 2025.