O ano de 2018 se desenhou positivo para a mineradora Vale. Tanto que o presidente da empresa, Fábio Schvartsman, trata a temporada atual já como uma “página virada”. Logo nos primeiros meses, a multinacional nascida em Itabira comemora o fato de ter sua produção anual praticamente toda comercializada. Em entrevista publicada pela revista Época, o executivo número um da Vale disse acreditar em uma recuperação da economia do Brasil (apesar de a empresa não depender diretamente dos números locais) e falou também sobre a mudança de foco da mineradora, que passa a ser, definitivamente, as minas do Pará.
Na entrevista ao veículo de repercussão nacional, Schvartsman esbanjou otimismo para 2018. Ele usou expressões como “céu de brigadeiro” e afirmou que o ano atual apresente a “melhor das combinações dos últimos muitos anos”, se referindo ao crescimento da economia mundial, aumento nos preços internacionais do minério e maior volume de produção da empresa, sobretudo após início da operação da mina S11D, em Carajás.
“A Vale exporta 90% de toda sua produção e, evidentemente, além de tirar o pulso da economia doméstica, a nossa relação, a nossa preocupação maior, é com a economia global. O que acontece na China, na Europa, nos Estados Unidos acaba se tornando mais importante. Ou seja, a Vale não é grande especialista em economia brasileira, por conta disso”, afirmou o presidente da mineradora.
“Imagine a economia americana, que é gigantesca, crescendo a 3%, é um espetáculo; a chinesa crescendo mais de 6%…. A população japonesa está encolhendo, então a lógica seria a economia diminuir, mas, não, está crescendo; ninguém poderia imaginar isso. A Índia está crescendo mais de 9%, a Europa está até melhor que os Estados Unidos, indo a mais de 4% de crescimento. Com exceção da Inglaterra, por causa do Brexit (processo de saída da União Europeia), todo o resto da Europa está muito bem, puxada por Alemanha e Franca. É céu de brigadeiro. Uma coisa incrível. O mundo inteiro quer o nosso minério, então vamos atender o desejo deles”, disse Fábio Schvartsman.
Produção de minério
A expectativa da empresa para 2018, segundo o presidente, é produzir um total de 390 milhões de toneladas de minério de ferro e 400 milhões de toneladas em 2019. Desse montante, a nova mina S11D, em Carajás, a plena carga, responde por metade da produção. “Praticamente já está tudo vendido. O mercado está muito forte. Trabalhamos fundamentalmente com contratos e praticamente todos os nossos clientes têm contratos assinados”, afirmou o executivo.
A ativação da mina em Carajás e o peso dela na produção da Vale confirmam a migração de foco da empresa, que antes tinha no Sistema Sul, em Minas Gerais, sua maior fonte de minério de ferro. Por ter minas mais velhas e mais próximas da exaustão, como é em Itabira, por exemplo, a extração fica mais cara, pois envolve alta tecnologia no beneficiamento. Ao contrário, o minério de Carajás é o mais puro e o que é vendido mais caro.
“O sistema Sul é onde as minas estão ficando mais velhas; então, a qualidade do minério tem caído. Esse é o tal do minério de baixa qualidade. Mas estamos juntando esse minério ao de Carajás e ‘blendando’, conseguindo ter um minério de qualidade normal. De qualquer maneira, a tendência é de redução de volume do sistema Sul por conta do envelhecimento das minas”, comentou.