Uma das estruturas que compõem o complexo de Pontal, em Itabira, o Dique 2 será desativado pela Vale. O barramento, alteado pelo método a montante, está em nível 1 de risco de rompimento desde o início de abril, depois que a Vale não obteve a declaração de estabilidade para operá-lo.
Em reunião na primeira semana de maio, diretores da Vale informaram a prefeitos da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig) sobre o processo de descomissionamento de barragens. A prioridade é desativas as estruturas erguidas pelo método a montante, considerado mais barato e menos seguro por especialistas.
Segundo comentou o diretor da Cadeia de Ferrosos da Vale, Vagner Loyola, o descomissionamento do Dique 02 será sem reaproveitamento econômico. Ou seja, a empresa não buscará beneficiar o rejeito depositado na estrutura, o que vinha fazendo, por exemplo, na Grota do Minervino, outro dique que integra o complexo Pontal.
O diretor afirmou que o reaproveitamento, apesar de trazer ganhos econômicos à Vale, exigiria um tempo maior para a desativação do dique. De acordo com Loyola, a prioridade será a celeridade. Para o descomissionamento não é necessário processo de licenciamento junto aos órgãos ambientais.
Além do Dique 02, também estão na lista da Vale para serem descomissionadas em Minas Gerais as barragens Sul Superior, em Barão de Cocais; Dique Auxiliar, B3 e B4 e Vargem Grande, em Nova Lima, e Forquilhas 1, 2 e 3, em Ouro Preto.
Outras estruturas, como a de Doutor Marés 2, em Ouro Preto; Campo Grande, em Mariana; Barragem 6, em Brumadinho; Taquaras, Capitão do Mato e Dique B, em Nova Lima; e Maravilhas, em Itabirito, estão passando por intervenções recomendadas pela empresa que avaliou os barramentos no fim de março. Haverá uma nova avaliação dessas barragens em setembro.
Dique 02
Com cerca de 17,4 milhões de metros cúbicos de rejeito, o Dique 02 está localizado na parte superior da Barragem do Pontal, na divisa com o bairro Pedreira. A estrutura tem 21 metros de altura e um volume de aterro de 220 metros cúbicos, segundo dados de um relatório emitido no ano passado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam).
O Dique 02 é uma das sete estruturas que integram o Complexo de Pontal. Implantada em 1972, a barragem é operada em um sistema semifechado, onde o rejeito é lançado nos braços do reservatório e a recuperação da água é feita no corpo principal do barramento, retornando através de bombeamento até a usina do Cauê.
Em 1º de abril, a estrutura foi elevada ao risco 1 de rompimento, o mais baixo na escala da Agência Nacional de Mineração (ANM). A reclassificação se deu porque a Vale não conseguiu a declaração de estabilidade do dique. O prazo venceu em 31 de março. Dessa forma, todo o complexo de Pontal foi elevado à mesma categoria de risco e está impedido de ser utilizado pela mineradora.
Procurada por DeFato Online para dar mais detalhes sobre o processo de descomissionamento do Dique 02, a Vale não respondeu aos questionamentos.