O prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage (PSB), tem a missão de ressuscitar o Valeriodoce Esporte Clube, tradicional equipe itabirana. O apoio ao clube foi uma de suas promessas fervorosas de campanha. Agora, a expectativa do Dragão é o cumprimento da palavra. O time projeta equacionar as dívidas, voltar ao futebol profissional e obter o alvará de sua sede no bairro Campestre. Tudo em 2021.
A secretária municipal de Esportes, Lazer e Juventude (SMELJ), Natália Lacerda, está alinhada com o discurso do novo mandatário. Recém-chegada à cidade, a mineira de Divinópolis afirma ter um compromisso com o clube que vai além do dever profissional. Seu avô paterno, conhecido por “Lacerdinha”, foi ponta-direita do Valério na década de 1960. “Quando contei a ele que viria para Itabira, ele me disse: ‘vou te pedir só uma coisa: eu quero voltar ao campo do Valério e dar uma corridinha’. Ele está com 76 anos”, lembra Natália.
Na quinta-feira (4), às 17 horas, a secretária tem agenda com representantes do futebol local, incluindo o Valério. O encontro será mais um dos que ela vem realizando para mapear os desafios que terá em Itabira. No caso do Dragão, ainda não há uma estratégia definida; o primeiro passo, segundo cita, será o diagnóstico preciso do clube.
“Ainda não há nada definido, pois estamos em conversa com todos os clubes. (…) O Valério será sim assistido, assim como outros clubes também o serão. A nossa proposta é fazer um diagnóstico do Valério, entender suas demandas e saber de que maneira podemos criar estratégias e propostas. Fazer um plano diretor, digamos assim”, respondeu Natália, em entrevista a DeFato.
R$ 6 milhões
O presidente do Valério, João Mário de Brito, aposta no “casamento” do clube com o novo prefeito. Segundo conta, Marco Antônio pediu que lhe seja apresentado um projeto e a radiografia do clube, em elaboração por Geraldo Celso, “Geraldinho” e Eugênio Muller. “O prefeito sinalizou a possibilidade de intermediar parceria para que o clube dispute a terceira divisão no corrente ano, atraindo investidores”.
A dívida do Dragão, envolvendo questões trabalhistas e cíveis, é recalculada. Deve bater R$ 6 milhões. A cifra já foi estimada acima de R$ 8 milhões, mas, segundo João Mário, “só o que for efetivamente comprovado entrará na conta”. “O Valério tem uma dívida bastante discutível. Não ultrapassa R$ 6 milhões”, cravou.
“Não é fácil administrar onde despesas são maiores que receitas. Estamos equacionando e saneando o clube. Se depender de recursos próprios, o Valério não terá a menor condição de disputar competições federadas ainda este ano. De fato, há uma luz no fim do túnel”, continuou o presidente.
João Mário está próximo do prefeito. Foi nomeado em 11 de janeiro para o cargo de diretor de Lazer e Mobilização Jovem, na SMELJ. Na Prefeitura, o presidente do Valério já ocupou cargos no primeiro escalão de João Izael Querino Coelho, prefeito por dois mandatos, entre 2005 e 2012.
Parceria com a Vale
Além da dívida, o Valério tem outro obstáculo, o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), fundamental para as operações do clube. As obras para adequação e conquista do alvará ultrapassam R$ 350 mil. Em acordo com uma empresa local, o projeto está pronto, mas falta executá-lo.
A rubrica para custear as obras vem de uma parceria fechada com a Vale. O Valério alugou dois ginásios para a mineradora, por R$ 27 mil mensais. O contrato foi firmado por 18 meses. “Ela (Vale) alugou dois ginásios para a instalação da Progen. Esses recursos não passarão pelo caixa do Valério. Eles irão direto para pagar as adequações de obtenção do AVCB”, detalhou João Mário de Brito.
Embora não consiga fazer caixa até o fim do ano para pagar as obras, o presidente acredita que negociará um parcelamento, para que tudo seja regularizado em 2021. “De posse do AVCB, estaremos com o campo liberado para jogos e as demais instalações, como o parque aquático para grandes eventos. Essa é a nossa grande esperança, de ter a obtenção do AVCB ainda este ano”, reiterou o presidente.