Fundado em 1942 por funcionários da Companhia Vale do Rio Doce, o Valeriodoce Esporte Clube completa 80 anos nesta terça-feira (22). O clube, que já foi campeão mineiro do interior em 1978 e disputou as séries B e C do Campeonato Brasileiro, vive dias muito diferentes do passado, enquanto anseia por novos rumos no futuro. Nesta noite, haverá a solenidade de posse da sua nova diretoria.
Após quase 4 anos sem disputar competições profissionais, o clube voltou à ativa em 2022, sendo eliminado pelo North de Montes Claros na Segundona Mineira, que equivale à terceira e última divisão do estadual. O retorno ao futebol profissional foi possível com muito esforço da atual gestão e patrocinadores do clube, além da parceria entre as diretorias do Valério e Varginha E.C. O clube do Sul de Minas cedeu jogadores e membros da comissão técnica à equipe itabirana.
Clube vive imbróglio e aguarda definição para saber do seu futuro em 2023
Na competição deste ano, o clube itabirano foi eliminado nas semifinais para a SAF recém criada do North E.C. Após alegar irregularidades na classificação do Itabirito, o Valério foi ao Tribunal de Justiça Desportiva solicitar um pedido de efeito suspensivo da competição. O Itabirito (mesmo eliminado nas semifinais para o Coimbra B) herdou a vaga de acesso, pois o clube de Contagem já possui um clube no Módulo II.
De acordo com o documento enviado ao TJD, não existe nenhuma cláusula no regulamento da Segunda Divisão do Mineiro que assegure o acesso ao Módulo II ao time com melhor campanha na fase de grupos. Caso o pedido seja indeferido, o Valério jogará a Segundona do Mineiro pelo 12º ano seguido.
Uma paixão dividida, mas verdadeira e confiante
Torcedor apaixonado do Valério e presidente da Torcida Jovem, Willian Willder Costa (32), conta que seu vínculo com o VEC surgiu na infância, quando foi com sua família majoritariamente cruzeirense ao Estádio Israel Pinheiro, acompanhar Valério x Cruzeiro. Na ocasião, o time da capital venceu o Dragão por 1×0, mas a partir dali, Willian começou a frequentar os jogos no estádio, e quando não era possível, ouvia as transmissões pelo rádio.
O torcedor revela que seu coração é dividido entre duas paixões: Valério (50,1%) e Cruzeiro (49,9%). Mas caso um dia volte a haver novos confrontos entre os clubes, ou jogos de ambos no mesmo horário, sua torcida vai para o clube itabirano: ‘‘O Valério sempre estará em primeiro lugar’’.
‘‘Nunca saí de Itabira para ir ao Mineirão ver o Cruzeiro. Mas já fui ver o Valério em Governador Valadares, Ipatinga, Manhuaçu, Montes Claros, Sete Lagoas, Ipatinga e Coronel Fabriciano. Enfim, tantos lugares que o Valério já fez a gente ir e passar sufoco, que só Deus sabe.’’
Willian estava presente em Montes Claros, na última partida do VEC contra o North E.C. Percorreu mais de 1.000km – divididos entre ida e volta – para acompanhar a eliminação do clube itabirano para os donos da casa. ‘‘Esse jogo foi muito triste, nós estávamos muito confiantes no grupo e na comissão técnica’’, desabafa o torcedor.
Segundo ele, havia uma relação de muita proximidade entre elenco e torcida, algo que diversos outros elencos passados do Valério não conseguiram criar. Mas mesmo voltando para Itabira com mais uma eliminação e com o Valério há 11 anos na última divisão do futebol mineiro, o torcedor segue confiante em dias melhores: ‘‘Nós fazemos críticas construtivas. Acredito que no próximo ano, se souberem trabalhar, ouvir um pouco mais a torcida em alguns pontos e tentar aproximar o itabirano do Valério, podemos ir longe.’’
Sobre o aniversário de fundação do clube, Willian se mostrou um pouco ressentido, por não haver um evento de celebração aberto à torcida.
‘‘São 80 anos de uma instituição muito valiosa. O Valério às vezes não é muito valorizado pelo povo itabirano, mas fora daqui, sempre nos perguntam do clube, se ele ainda está na ativa. Hoje, por exemplo, ia ser um marco se o Valério fizesse alguma coisa que abrangesse à torcida’’.
Confira na galeria de fotos, alguns momentos históricos do clube itabirano.