Onde está o dinheiro? Essa foi a pergunta feita pelos vereadores Luciano Gonçalves dos Reis “Sobrinho” (MDB) e Neidson Dias Freitas (MDB) na reunião da Câmara desta terça-feira (31). Eles se referiam aos repasses enviados pelo Legislativo à Prefeitura para que fossem injetados nos cofres das polícias Civil e Militar, além da Liga Itabirana de Futebol (Lifa). Enquanto as forças policiais receberiam R$ 500 mil cada, a entidade esportiva seria contemplada com um aporte de R$ 150 mil. Em setembro, o presidente da Câmara, Heraldo Noronha (PTB), cobrou da gestão Marco Antônio Lage (PSB) o repasse à Lifa, mas a situação não parece ter sido resolvida até então. Ainda durante a reunião, a reportagem da DeFato solicitou um posicionamento à Prefeitura de Itabira, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
Primeiro a comentar sobre o assunto, Luciano Sobrinho relembrou outro repasse prestes a ser feito ao Governo Municipal, destinado, desta vez, a grupos de marujada itabiranos. A bandeira tem sido carregada por Heraldo Noronha, alvo das perguntas do emedebista.
“Repassou R$ 500 mil para a Polícia Civil, cadê o dinheiro? R$ 500 mil para a Polícia Militar, cadê o dinheiro? R$ 150 mil para a Lifa, cadê o dinheiro, presidente? Agora o senhor está falando para a gente de R$ 250 mil para a marujada. Será que esse dinheiro será entregue à marujada, presidente? É calote, o que é isso? Aí economiza dinheiro aqui da Câmara para repassar à Prefeitura, para que eles repassem para onde o senhor está solicitando, e o que fazem? Simplesmente não repassam”.
Na esteira dos questionamentos, Luciano Sobrinho também criticou um mal uso da verba pública em eventos culturais na cidade. Ele voltou a mencionar o show da rapper MAC Júlia, muito criticado pelos vereadores há algumas semanas.
“Quem contratou esse show escroto? Essa aberração da natureza? Que vá para o raio que os parta, que nunca mais apareça um show desse nível em Itabira. As famílias itabiranas não merecem isso”.
Má fama espalhada
Neidson Freitas também reforçou as críticas do colega de partido. Para ele, a falta dos repasses pode criar uma imagem negativa da população sobre a Câmara.
“Essa Casa não pode ficar com o nome de mentirosa na rua. Tem propaganda no rádio falando que a Câmara Municipal de Itabira repassou dinheiro para a Lifa, para o Valério e para a Polícia Militar. Eu sei da seriedade do senhor que tem feito austeridade nesta Casa para devolver dinheiro à Prefeitura. E na hora que chega no campo de futebol os times estão todos cobrando dos dirigentes o dinheiro pra fazer campeonato, porque não apareceu nem um real até hoje. Então o prefeito é o primeiro a chegar para entregar medalha nesses campos todos, mas na hora de entregar os recursos que essa casa repassou a ele, até agora não tem assunto”.
Quem quer dinheiro?
Já o vereador Roberto Fernandes Carlos de Araújo “Robertinho da Autoescola” (MDB) criticou os inúmeros repasses da Câmara à Prefeitura. Em tom irônico, ele afirmou que Heraldo Noronha tem se portado como o comunicador Silvio Santos.
“Presidente, eu tenho achado o senhor muito bonzinho, ficar distribuindo dinheiro pra lá e pra cá. E o senhor não pode esquecer que essa Casa está desmanchando. Ali precisa de uma rampa, de um elevador, os banheiros dessa Casa estão acabando, o esgoto está a céu aberto. Essa Casa precisa de uma reforma urgente. Para não desviar o foco, o senhor olha a Casa antes de ficar distribuindo dinheiro igual o Silvio Santos”.
Relembre
Na reunião ordinária de 12 de setembro, Heraldo Noronha cobrou da Prefeitura o cumprimento de um acordo, feito entre os dois poderes, para injetar R$ 150 mil à Liga Itabirana de Futebol Amador (Lifa). Segundo Heraldo, o valor foi adiantado de um dos duodécimos da Câmara, mas não chegou aos cofres da entidade esportiva.
“Eu passei R$ 150 mil, através da Câmara, ao prefeito, em concordância com o secretário de Governo, para que a Lifa reformasse o espaço e ter um melhor atendimento às pessoas do futebol amador, um investimento melhor no futebol feminino e até no futebol masculino amador. Para melhorias nos uniformes, nas escolas de futebol, um incremento a mais no futebol amador”, relatou o presidente do Legislativo.
“E infelizmente hoje fui na Lifa e vi a situação precária da sede. O prefeito, na verdade, passou R$ 350 mil de fomento, mas esse fomento foi passado antes para a Lifa. E logo depois, eu, em concordância com o prefeito, porque não adianta eu repassar e o prefeito não garantir esse repasse, adiantei R$ 150 mil do duodécimo. E até hoje não foi feito esse repasse”.
No encontro de hoje, em meio aos questionamentos dos demais vereadores, o presidente do Legislativo se manteve calado. Apenas isentou o superintendente da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA) e Marco Antônio Lage de culpa pelo show citado por Luciano Sobrinho, e deu razão às críticas feitas por Robertinho da Autoescola.