Um vestido feito à mão pelas costureiras do Instituto Tecendo Itabira, do estilista itabirano Ronaldo Silvestre, foi usado pela top model Carol Ribeiro na apresentação do 24º SAG Awards, em Los Angeles (CA) no último domingo, 21 de janeiro. O look roubou a cena durante a transmissão do tapete vermelho no canal TNT, onde a modelo apresentou os bastidores da festa hollywoodiana ao lado do influencer Hugo Gloss.
O SAG Awards – abreviação de Screen Actors Guild Awards – é a premiação do Sindicato dos Atores dos Estados Unidos, considerado uma das prévias do Oscar, que acontecerá em março. Carol Ribeiro, por sua vez, é conhecida por um currículo recheado de trabalhos como Gucci, Valentino e Victoria’s Secret. Ela já participou da cobertura de outras premiações como Oscar e Globo de Ouro.
O vestido preto usado por Carol é parte da coleção de estreia da estilista Fabiana Milazzo na última edição do São Paulo Fashion Week. Para a coleção, que fez homenagem a várias regiões do País, Milazzo recrutou ONGs como o Instituto Tecendo Itabira; Casulo Feliz, de Maringá (PR); e Mulheres de Renda, de Uberlândia.
As artesãs de Itabira produziram dez peças atemporais a Fabiana Milazzo no ano passado, das quais oito foram à passarela do SPFW, em março. As produções de moda festa trabalharam, por exemplo, tiras em zibeline de seda, que desenham o corpo feminino. Nessa coleção, a versão vermelha do vestido itabirano foi o destaque da estreia da coleção.
Muito mais que um vestido
No começo de 2017, Fabiana Milazzo inaugurou sua primeira loja fora do país: em Los Angeles, onde as peças conquistaram as silhuetas americanas. O trabalho exportado de Itabira fez lá sua vitrine internacional.
Inclusive, o último domingo não foi a primeira vez que o longo preto ganhou holofote estrangeiro. Em 7 de janeiro foi a vez do Globo de Ouro, também em Los Angeles. No palco, a peça itabirana foi usada por Simone Johnson, 16 anos, filha do astro americano Dwayne Johnson, o The Rock.
Johnson é embaixadora do Golden Globes para ações de empoderamento feminino, sobretudo para o trabalho de mulheres que estão em áreas de vulnerabilidade social.
Num evento que estampou noticiários por denunciar, o tempo todo, o assédio sexual e questões de gênero em Hollywood, o vestido preto não foi somente um longo de Ronaldo Silvestre e das artesãs da terra de Drummond que chegou às maiores premiações do cinema mundial.
Silvestre fala em trabalho social sem demagogia, em oportunizar o trabalho de comunidades e da vocação de Itabira para outros arranjos produtivos além do minério. Para o estilista, “através da mãos de uma parcela da população excluída socialmente, é possível transformar a realidade de uma cidade inteira”.
“O grande feito desse vestido, dessa peça, é mostrar que qualquer trabalho produzido em nossa cidade pode chegar a qualquer lugar do mundo. Quanto mais qualidade e mais empenho você coloca num trabalho, ele pode ir a lugares inimagináveis”, disse, ao Portal DeFato.
O Instituto Tecendo Itabira foi criado em 2009 por Ronaldo Silvestre. É uma organização não governamental que reúne aproximadamente 30 costureiras de comunidades carentes da cidade. O trabalho da ONG, defende o estilista, traz à tona “a cadeia de moda como agente de transformação e desenvolvimento sustentável”.
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