O vereador Weverton Andrade Santos (o Vetão) é um dos mais jovens presidentes da história da Câmara de Vereadores de Itabira. Com apenas 29 anos, o popular Vetão já ocupou outros importantes cargos na sociedade itabirana: foi membro atuante do Conselho Tutelar e presidente da Associação do Bairro Colina da Praia. Nas eleições do ano passado, elegeu-se para o segundo mandato consecutivo, pelo PSB.
O vereador não descarta alçar um voo mais alto. Uma candidatura a deputado federal – no ano que vem – está no radar do político. A decisão final será do eleitorado. “O povo define quem será candidato ou não. Se a população decidir que Vetão tem capacidade para contribuir num projeto maior, eu estou à disposição”, condiciona o socialista. Na entrevista a seguir, Vetão – dentre outros assuntos – analisa o conflitante relacionamento entre o Executivo e o Legislativo. Ele prega a harmonia entre os poderes, mas adverte: “O governo Marco Antônio Lage não faz o toma -lá- dá- cá”.
DeFato: O governo municipal indica que não seguirá com o sistema de coalizão, no relacionamento entre o Executivo e o Legislativo. Em outras palavras, o tradicional toma-lá-dá-cá está alijado da política itabirana. Como o senhor avalia essa decisão da Prefeitura?
Weverton (Vetão) Andrade: É importante ressaltar dois pontos: nós temos, hoje, um prefeito e um vice-prefeito que nunca tiveram mandatos. Ou seja, eles trazem uma experiência nova para as suas vidas pessoal e profissional. E, principalmente, trazem uma chacoalhada para o sistema político. E a Câmara também passou por um processo de grande renovação, com muitos vereadores que estão num primeiro mandato. Eu também corroboro com esse sentimento de mudança, tanto que vejo a necessidade de novos posicionamentos. A Câmara aprovou quase todos os projetos do prefeito Marco Antônio Lage. Houve a reprovação do empréstimo (junto à Caixa Econômica), quando dez vereadores entenderam que não era o momento para isso. Essa situação (a rejeição do empréstimo) gerou um certo atrito, que é uma situação normal no processo democrático. Então os ânimos realmente se exaltaram, não por parte do prefeito, mas por alguns agentes do governo, que fizeram algumas duras críticas aos vereadores. E eu sempre deixei muito claro que, aqui (na Câmara), eu não represento o PSB e nem o prefeito, mas, como presidente do Legislativo, eu represento os 17 vereadores. Eu vejo, em tudo isso, um processo normal e democrático. É uma mudança e todas as mudanças têm os seus pontos positivos e negativos. Eu não vejo, aqui dentro da Câmara, o interesse dos vereadores em fazer o toma-lá-dá-cá. Pelo contrário, eu vejo os vereadores muito comprometidos com o novo, com o fazer diferente.
DeFato: Houve um momento emblemático nesse relacionamento entre o Executivo e o Legislativo, que foi a proposta para a implantação do Orçamento Impositivo. Num primeiro instante, os vereadores concordaram com a ideia. Depois, analisaram os argumentos contrários da Prefeitura e desistiram do Orçamento Impositivo. Com isso, eles sinalizaram que prevaleceria uma interessante harmonia entre os dois poderes do município. Por que, repentinamente, esse relacionamento (entre Legislativo e Executivo) saiu dos trilhos?
Vetão: Muito interessante. O governo Marco é um governo que não faz o toma-lá-dá-cá, e é importante ressaltar isso. É um governo que vem à Câmara para fazer o convencimento dos vereadores para votação de projetos, e também tende a sofrer reveses. E o que aconteceu, aqui na Câmara, naquele momento, quanto ao Orçamento Impositivo? Os vereadores entenderam que a proposta não era interessante para a cidade naquele instante. E, grande parte dos vereadores, que foram contra o Orçamento Impositivo, também se posicionaram contrário ao empréstimo (junto à Caixa Econômica Federal). Isso mostra a relação democrática. Eu volto a ressaltar que o mais difícil disso tudo é o entendimento das partes (Executivo e Legislativo) e o posicionamento depois de receber o não. Eu não digo que a Câmara agiu porque não estava havendo algo condizente, mas agiu livremente e todos os votos aqui têm que ser livres. Eu, se não me engano, nunca vi algo parecido com o que aconteceu aqui na Câmara, naquela ocasião. Da mesma forma, eu nunca vi um modelo de gestão como está acontecendo na prefeitura, um modelo novo e bacana. Então, tanto mudou a prefeitura quanto mudou o pensamento aqui dentro da Câmara.
DeFato: E o chamado “marasmo” ainda prevalece no terceiro andar da Prefeitura?
Vetão: Quando eu disse marasmo, na primeira entrevista que dei para o senhor, eu me referi ao que acontecia no terceiro andar (da prefeitura), nas outras gestões, quando o prefeito ficava recolhido dentro do seu gabinete e não tinha acesso direto à população. Mas a gente tem visto que o Marco (o prefeito) tem andado muito. Então, eu acredito que esse marasmo não existe mais no terceiro andar, assim a gente espera. O prefeito tem andado muito nos bairros e tem conversado muito com a população e isso é um bom feedback. Mas também (o prefeito) tem que ouvir os vereadores, que em número de 17, representam mais de 50% do eleitorado itabirano. O vereador, que está outorgado por lei, tem o dever e a prerrogativa de falar pela população. Então, esse bom relacionamento (entre a Câmara e prefeitura) também contribui para acabar com esse marasmo.
DeFato: Comenta-se muito, nos bastidores da política itabirana, que o senhor concorrerá a um cargo de deputado, nas eleições do próximo ano. Essas especulações têm algum fundamento?
Vetão: Antes de tudo, tenho que fazer um agradecimento a Deus e à população itabirana, por chegar aos 29 anos de idade, com as oportunidades que já tive. Já fui duas vezes presidente de associação de bairro, duas vezes conselheiro tutelar eleito pelo voto, fui conduzido duas vezes à vereança e hoje estou como presidente da Câmara. O povo itabirano tem me outorgado direitos e deveres inquestionáveis, e sou muito grato por tudo isso. Então, eu digo que hoje eu estou à disposição da população itabirana. Vejo que Itabira carece demais de ter uma representatividade em nível federal. E essa é uma discussão que carreguei comigo, em todo esse período. O município contribui demais para a União com tributos importantes, mas a cidade não recebe a devida retribuição. Muitas vezes, temos que pegar um pires e ir até Brasília para buscar recursos para a nossa cidade, sendo que boa parte desse recurso vem do nosso município. Então, Itabira tem a necessidade de ter uma representatividade no Congresso Nacional, principalmente para discutir esse fim da mineração, que assombra o nosso município. Eu acredito que Itabira precisa se unir em torno de um projeto (para eleger um deputado federal), no próximo ano, para representar a nossa cidade e região. Resumidamente, eu estou à disposição da população. O povo define quem será candidato ou não. Se a população decidir que Vetão tem capacidade para contribuir num projeto maior, eu estou à disposição.