A cada dia que se passa nesta melancólica temporada cruzeirense, fica cada vez mais claro como a ideia do “novo Cruzeiro” é um escárnio. Propalado pelos novos dirigentes e, especialmente, o presidente Sérgio Santos Rodrigues desde que assumiu o clube, este “ideal” não se prova diante das movimentações nos bastidores da Toca da Raposa.
Ontem, por exemplo, foi realizada a eleição do conselho deliberativo cruzeirense, válida pelo próximo triênio (2021 a 2023). Determinante na política de qualquer clube, o conselho tem sido alvo da ira do cruzeirense desde que as maracutaias da gestão Wagner Pires de Sá foram reveladas.
O que mais indignou a china azul foi a omissão dos conselheiros diante da “farra” feita por Itair Machado e companhia limitada. Alguns deles, inclusive, não deixaram de apoiar os dirigentes nem quando as atividades suspeitas vieram a público.
Eleger um presidente que não fosse da situação seria uma chance de mudar, minimamente, este cenário. Mas não foi o que aconteceu. Nagib Geraldo Simões, braço direito de Wagner Pires e líder da chapa “Somos Todos Cruzeiro”, levou 149 votos e foi eleito o novo presidente do conselho.
Além da proximidade com o ex-presidente da Raposa, Nagib também é vice de Paulo Pedrosa, presidente do conselho fiscal cruzeirense que também bom trânsito junto aos ex-dirigentes. O segundo colocado foi Giovanni Baroni, com 125 votos.
A reação da torcida foi instantânea. Assim que publicados os resultados, os cruzeirenses inundaram as redes sociais do clube de protestos e deixam clara a insatisfação que carregam desde o ano passado.
Mas isto é suficiente para uma mudança? Claro que não. Se compararmos à política tradicional, o conselho seria uma espécie de centrão. Um grupo que não se preocupa com a evolução do que está à sua volta, nem com a insatisfação dos torcedores/cidadãos. Ele age apenas de acordo com seus interesses.
E, assim como na política, a sensação de impotência toma conta do cruzeirense hoje. Antes ludibriado com a ideia de que a nova gestão daria uma nova roupagem ao clube, ele está tendo que encarar uma dura realidade: o novo Cruzeiro não possui nada de novo.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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