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Vida saudável X boca doente: como a SEPB se tornou a doença bucal mais incidente da nossa geração

Há 50 anos atrás, o profissional de saúde bucal tinha o desafio de educar o paciente com relação a importância da higienização oral e ensinar os hábitos saudáveis para prevenção de doenças bucais. A grande maioria dos pacientes apresentavam cárie e periodontite severas. Essas eram as doenças prevalentes na rotina clínica.

Pacientes “cárie zero” existem, e são frutos de um trabalho muito bem executado pelas gerações de dentistas, que ensinaram a importância da prática correta de higiene bucal e lutaram pela conscientização do uso de cremes dentais fluoretados.

Filhos dessa geração estão chegando em nossas clínicas sem a doença cariosa, porém essa mesma geração, que não tem cárie na boca, nem gengiva inflamada, está esquentando água pra escovar os dentes, não morde um picolé e arrepia com qualquer ar gelado no ambiente. São indivíduos que têm 25 anos de idade e possuem raiz exposta precoce, recessão gengival,perda acelerada de esmalte, hipersensibilidade dentária e dor na musculatura facial. São as chamadas Doenças Não Cariosas (DNCs).

Para desenvolver uma DNC você precisa de boa higiene oral. Pode parecer contraditório, mas você não desenvolve DNC em boca contaminada. A doença não cariosa não depende de placa bacteriana, ela é totalmente dependente do estilo de vida da pessoa.

Essas situações não eram comuns nas décadas de 80 e 90, ou seja, algo aconteceu nesses últimos 30 anos. O mundo mudou e junto a isso houve a mudança do estilo de vida da sociedade.

Esses pacientes sofrem da Síndrome do Envelhecimento Precoce Bucal (SEPB). A SEPB é a associação de alterações da saúde bucal provocada por doenças sistêmicas de diferentes origens. Uma síndrome que prevalecerá nas próximas décadas, devido ao estilo de vida, hábitos alimentares, bruxismo, refluxo, ansiedade, depressão e distúrbiodo sono, levando os indivíduos a manifestarem as DNCs.

Atualmente, 9 em cada 10 pessoas convivem com os fatores de risco da DNC e a maioria dos pacientes com a SEPB tem boa higiene oral, praticam esportes e se preocupam com sua saúde geral. Uma doença que no princípio estava vinculada ao paciente idoso, hoje acomete cada vez mais o paciente jovem. E é justamente esse aspecto de “boca envelhecida”, que não condiz com a pouca idade do paciente, que é o maior dano causado pela SEPB.

O diagnóstico normalmente inicia com um dentista atento a essa síndrome, mas o tratamento é multiprofissional, sendo necessário o auxílio de médico, psicólogo e nutricionista para alcançar a excelência de resultados.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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