Na noite deste domingo (6), em uma partida maluca, o Cruzeiro foi derrotado pelo CRB por 4 a 3 no Mineirão. Esta foi a segunda derrota em dois jogos da Série B 2021 para a equipe de Felipe Conceição, que agora amarga a lanterna do campeonato.
Desde o apito final, muitos torcedores têm vinculado o novo tropeço cruzeirense aos erros de arbitragem (que aconteceram, diga-se) e um suposto azar. De fato, no segundo gol da partida, especialmente, o time alagoano contou com a sorte para que a cobrança de falta do ótimo meia Diego Torres desviasse na barreira e enganasse Lucas França, substituto de Fábio nesta noite.
Porém, jogar toda a carga da derrota apenas nestes dois fatores seria enganar a si mesmo. Desde o minuto inicial, o Cruzeiro vinha cometendo falhas técnicas e táticas que poderiam o comprometer a qualquer momento. A principal delas era o enorme espaço deixado no meio campo, muito bem aproveitado pelo adversário.
Toda vez que a Raposa subia a marcação, o CRB saía com relativa tranquilidade da pressão, explorando este vácuo no meio. Para efeito prático, esta falha foi determinante em dois lances capitais da partida: o segundo gol do CRB, que surge de uma falta cometida naquela região, e o último gol da partida, quando Jean Patrick, totalmente livre, acertou um chute indefensável para Lucas França.
Desde a partida contra a Juazeirense, Felipe Conceição tem apostado em uma nova formação próxima a um 4-4-2. A mudança é interessante, mas necessita de ajustes, como ficou claro nestes dois momentos.
Outra coisa que não pode ser ignorada é que, embora tenha criado um bom volume de chances, o Cruzeiro apostou demais na bola aérea, como tem sido há algum tempo. Apesar de ser uma competição cada vez mais indigesta para os grandes, a Série B não chega a ser o berço de fantásticos sistemas defensivos. Tanto que na primeira rodada, mesmo com dois atletas a menos, o Cruzeiro chegou a empatar a partida contra o Confiança. Mas é preciso mais.
Deficiências coletivas, o início de uma nova formação e quedas de desempenho individuais, como a de Rafael Sobis, podem ser considerados os dois principais fatores para esta pobreza na criação de jogadas.
Por fim, não dá para ignorar o grave erro de arbitragem ocorrido durante o jogo. É inadmissível que em 2021 a Série B não conte com tecnologias que possam identificar se uma bola ultrapassou, ou não, a linha do gol. A reclamação da torcida é justa e os dirigentes celestes precisam cobrar a CBF sobre isso, mesmo que a confederação, hoje, esteja enrolada com problemas bem maiores…
Porém, se eu utilizasse esse espaço para dizer que o Cruzeiro amargou sua segunda derrota na competição apenas por erros de arbitragem, estaria mentindo. É preciso não fechar os olhos para problemas técnicos e coletivos apresentados durante os jogos e que podem comprometer a nova tentativa de acesso à Série A.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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