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Vini Jr. e o insulto da malta ensandecida

Torcedores do Valencia são condenados a oito meses de prisão por insultos racistas a Vini Jr.

O brasileiro Vinicius Jr. tem sido alvo recorrente de insultos racistas na Espanha - Foto: Pablo Morano/Reprodução/Agência Brasil

A humanidade alcançou o ápice do desenvolvimento material, desde tempos imemoriais. O homo sapiens pintou nessas bandas há cerca de 300 mil anos. O hoje apresenta o melhor desempenho do espécime hegemônico do planeta, até então. Inegável o fabuloso progresso, em todos os segmentos do conhecimento. Houve um avanço extraordinário em biomedicina, informática, física, química e astronomia, dentre outros.

A eficiência da comunidade científica praticamente impediu o fim da aventura humana no planeta. A Covld-19 entrou em cena com a funesta missão de acabar com tudo e até um pouco mais. O vírus foi um virtual cartão amarelo do “juiz supremo” para todos os moradores desse asteroide. A próxima advertência pode ser fatal. A punição será a exclusão definitiva do jogo da vida nessas paragens (o definitivo cartão vermelho). O atual cenário da Terra, porém, impressiona pelo pragmatismo excessivo. O espírito humano exibe uma performance inversamente proporcional ao progresso material. As invenções técnicas ascendem infinitamente. A moral e ética, contudo, crescem com a desenvoltura de um rabo de cavalo: cada vez mais para baixo.

Na semana atrasada, um evento gravemente simbólico corroborou com esse ponto de vista. O episódio é circo dos horrores. Um campo de futebol foi a arena da sandice. O jovem atleta brasileiro Vinícius Jr foi incinerado moralmente diante de um público presencial de dezena de milhares de pessoas. Milhões de telespectadores, mundo afora, viram as imagens estarrecedoras pela televisão. Essa multidão planetária acompanhava a dantesca partida de futebol Real Madrid x Valência, no Estádio do Mestalla.

Nesse horrível picadeiro, o negro nacional foi chamado de mono (macaco). A plateia uníssona berrou a infâmia. Essa foi a maior e mais explícita exibição de racismo coletivo, nesse século. Uma estupidez universal. Viu-se ali, o que se vê, desde sempre: o europeu exercendo o seu eterno direito de ser europeu. Nunca foi diferente. A história é testemunha irrefutável de uma sangrenta realidade ou banalização do genocídio. Essa gente (de olhos claros) dizimou os índios das Américas e massacrou o escravizado negro africano. A Europa se esqueceu do tudo de velho e não aprende nada do novo. A consciência dessa gente conserva-se no modo sarjeta.

O vergonhoso espetáculo do gramado espanhol repercutiu, no Brasil, na forma mais sórdida possível. O “religioso” e suposto político Magno Malta foi além de racista em seu pronunciamento, no Senado. O representante do Estado do Espírito Santo mergulhou no nível de um verme e vomitou o mais abominável dos discursos: “Então é o seguinte, cadê os defensores da causa animal que não defendeu (sic) o macaco? O macaco está exposto. Veja quanta hipocrisia. E o macaco é inteligente, é bem pertinho do homem. Única diferença é o rabo”. Esse é o depoimento de Magno, o Malta, um autoproclamado porta-voz de Jesus Cristo.

Enfim: Não sou xenófobo, apenas conservo o direito de me indignar. E não tenho vontade alguma de me mudar para a Península Ibérica, principalmente.

PS 1: Malta é a súcia que dá título à coluna. Um bando de cafajestes, estúpidos, ordinários, imbecis, sacripantas e desumanos.

PS 2: Para não falar que não falei das flores, recorro a Oscar Wilde: “Para ser popular é necessário ser medíocre”. O que significa isso? Há uma cabeça à procura da carapuça perdida.

Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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