Juliana Creizimar de Resende Silva tinha 33 anos e deixou dois gêmeos órfãos de pai e mãe, pois o marido, Dennis Augusto, também faleceu no rompimento da barragem em Brumadinho.
A mulher é a mais recente identificação realizada pela Polícia Civil entre os casos de vítimas do rompimento da Barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho. A Polícia Civil confirmou a identificação nesta quarta-feira (25), um dia após o corpo ter sido encontrado entre os rejeitos de minérios pelos bombeiros.
Com a localização de Juliana Resende, realizada na última terça (24) pelo Corpo de Bombeiros, o número de joias – como os bombeiros chamam as vítimas ainda não encontradas – passa para nove, em um total de 270 vítimas fatais no rompimento de barragem em Brumadinho.
Nesta semana, a operação dos bombeiros em Brumadinho completa 2 anos e 7 meses. De acordo com o Corpo de Bombeiros, “as operações seguem sem previsão de término, permanecendo o incansável propósito de localizar as vítimas restantes.
Fim da espera
Muitas famílias esperam pela identificação dos entes, e a de Juliana era uma delas. A família tem forte presença na Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão (Avabrum).
Em coletiva da Polícia Civil nesta quarta-feira, o médico legista, Ricardo Araújo falou sobre a importância da identificação da vítima. “A Juliana, ela residia em Brumadinho. Ela era uma pessoa muito querida da comunidade. A gente imagina o peso dessa tragédia familiar, dois filhos gêmeos de colo, o pai faleceu, a mãe faleceu. A gente tem uma família agora vivendo um luto relacionado com uma longa espera de uma maneira muito trágica”, ponderou.
Ainda de acordo com o médico, a identificação da vítima foi feita por meio da arcada dentária. “A gente não pode falar em alegria em momento nenhum, a gente está falando da identificação de uma tragédia. Mas a gente traz com serenidade e esperança de conforto esta devolução da identidade, de devolver o nome e poder em algum momento devolver para o familiar um pouco de dignidade”, declarou o médico legista.
Sobre a tragédia
O rompimento de barragem em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019, foi o maior acidente no trabalho do Brasil em perda de vidas humanas e o segundo maior desastre industrial do século. Foi um dos maiores desastres ambientais da mineração do país, depois do rompimento de barragem em Mariana.
Controlada pela Vale S.A., a barragem de rejeitos denominada barragem da Mina Córrego do Feijão era classificada como de “baixo risco” e “alto potencial de danos” pela empresa. Acumulando os rejeitos de um mina de ferro, ficava no ribeirão Ferro-Carvão, na região de Córrego do Feijão, no município de Brumadinho, estado de Minas Gerais.