O Atlético conseguiu uma improvável vitória no último domingo (6), contra o São Paulo, e parecia ganhar um fôlego a mais para o maior desafio da temporada até então. Parecia. Na noite desta quarta-feira (9), o time comandado por Luiz Felipe Scolari voltou a praticar um futebol de baixíssimo nível, marca do trabalho do atual treinador, e deu adeus à Libertadores já nas oitavas de final, novamente contra o Palmeiras.
Mesmo longe das suas melhores fases, o clube paulista foi dominante em boa parte dos dois jogos e poderia ter se classificado até com um placar agregado maior. No entanto, a falta de confiança decorrente da atual instabilidade impediu uma conclusão melhor das jogadas criadas nos inúmeros espaços cedidos pelo Atlético.
Ao Galo e alguns dos seus responsáveis, restou se agarrar à reclamação do pênalti inexistente no segundo tempo e o gol perdido por Paulinho. Esse, aliás, tratado como o grande vilão da eliminação, quando na verdade foi o principal responsável por levar a equipe até as oitavas. Nem Hulk, estrela da companhia, foi tão determinante quanto Paulinho na campanha atleticana. Estamos falando do artilheiro da competição
E há uma explicação óbvia para todos esses subterfúgios: para muitos, é um desafio admitir a ruindade do trabalho de Felipão. Mesmo com alguns problemas crônicos, o Atlético de Coudet apresentava virtudes e fazia uma temporada compatível com sua realidade. O coletivo, nem de perto, era tão frágil quanto o de hoje. O grande senão eram as diversas oportunidades de gol desperdiçadas a cada jogo, um problema do qual o torcedor atleticano deve até sentir saudade. Porque para criar é necessário, principalmente, jogo coletivo.
Até a vitória contra o São Paulo, a primeira sob o comando de Felipão, deve ser analisada com cuidado. O Atlético se aproveitou do craque que tem para abrir o placar em um golaço de falta. No segundo tempo, quando o Tricolor Paulista parecia próximo do empate, com direito a bola na trave, Lucas Moura cometeu pênalti infantil em Patrick. Porém, no geral, foi mais uma atuação limitada do Galo, com a conhecida dificuldade em criar oportunidades de gol. E olha que estamos falando de um ataque com Hulk e Paulinho!
O sistema defensivo, historicamente a principal virtude dos times de Felipão, não é confiável. Assim como alguns dos seus contemporâneos, o treinador aposta nas perseguições individuais contra seus adversários, estratégia mais do que batida e facilmente desarmada no futebol de alta intensidade e rotatividade de hoje. Vide o banho de bola do Flamengo de Sampaoli contra o Grêmio há duas semanas.
Resumindo: o Atlético é um catado. Nenhum jogador parece ter a menor noção do que fazer em campo, seguindo somente o que manda a sua intuição. Ainda assim, pelos valores individuais que possui, o time consegue competir em alguns momentos e passar a impressão de “jogar bem”. Mas basta um olhar mais atento e uma análise mais ampla para perceber que a realidade é bem diferente. Ou o clube alvinegro se livra de Felipão, nome que sequer deveria ter sido contratado, ou mais decepções como essa serão rotina até o fim de 2023.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.