Os problemas relacionados às enchentes são recorrentes em Nova Era. Por ter sua área urbana desenvolvida às margens do rio Piracicaba, a população sofre com as cheias do rio em períodos de precipitações intensas ou prolongadas. Este ano, no último fim de semana de janeiro, o rio subiu mais de sete metros e causou prejuízos para milhares de famílias. Acompanhando tudo de longe, o empresário do ramo de móveis, Artur Moreira, decidiu então que era preciso agir. Mobilizou voluntários e partiram para os trabalhos.
Natural de Governador Valadares, Artur Moreira foi criado em Nova Era, mas atualmente reside em Newark, New Jersey, nos Estados Unidos. Porém, mesmo essa distância não impede que ele se dedique a promover mudanças na cidade que o acolheu.
“Quando aconteceu a enchente eu me prontifiquei a vir ajudar de alguma forma. Fiz alguns contatos com amigos em Nova Era, no Brasil, nos Estados Unidos e buscamos uma maneira de poder ajudar. Uma empresa, através do Cotta Construções, nos ofereceu 1.200 litros de tinta para pintar as casas afetadas. Com isso, marquei minha vinda, cheguei aqui e acionei um grupo de amigos que sempre me ajuda no parque do Colina, com o projeto de Natal”, comentou Artur Moreira que está há quase três semanas em Nova Era.
De acordo com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura, 430 pessoas ficaram desalojadas, sete desabrigadas e 1.340 foram afetadas pelas fortes chuvas. O município, de 17.578 habitantes (população estimada em 2019, segundo o IBGE), decretou Estado de Emergência – ato reconhecido pelo Estado. Nossa Senhora das Graças, Sagrada Família, Centro, Praia Grande, Nova Vila, Capelinha e Drumond foram alguns dos bairros mais afetados.
Trabalho árduo
Ao chegar em Nova Era, Artur e seus amigos começaram a avaliar a situação de cada bairro. E foi na Praia Grande, o bairro mais prejudicado segundo Artur, que os trabalhos começaram ainda no sábado de Carnaval. Por lá, três casas caíram completamente e outras oito não tinham condição de moradia.
“Quando entrei nas casas percebi que algumas não tinham condições da gente fazer apenas a pintura. Tinha que fazer reparos antes de serem pintadas. Conversando com meu irmão e com Bonifácio pensei: “porque não consertar essas casas? Vamos ver o que conseguimos de recurso”. Cada um colocou um pouco para começar a campanha e eu comecei a pedir ajuda a meus amigos, mandar fotos, fui para todos os lados”, contou Artur.
Empresários locais também ajudaram com doações e oferecendo descontos em materiais de construção e mobília para as famílias afetadas. Todas as casas da rua Projetada, cerca de 18, foram reformadas por dentro e por fora. Uma casa, que havia sido condenada pela Defesa Civil Municipal, precisou ser reconstruída pois estava prestes a cair. Até o momento, cerca de 75 casas afetadas em toda a cidade foram pintadas por Artur e seus amigos. O mutirão continua e o objetivo é pintar 100 casas.
Rede de voluntários
Para que todas as casas afetadas pudessem ser pintadas ou reformadas, uma rede de voluntários foi criada. Pedreiros, pintores, empresários, engenheiro, arquiteta, os próprios moradores e familiares de Artur Moreira foram todos prestaram serviços voluntários. Diariamente, cerca de 30 a 40 pessoas atuam em quatro frentes de trabalho que começa bem cedo e só termina quando o céu escurece. Trabalhando mesmo debaixo de chuva.
“Todas as casas que precisavam de pintura a gente ia lá e pintava. Mas a condição que eu coloquei era da comunidade se unir, um ajudando ao outro. Dessa forma a gente dava a tinta. Na Praia Grande assim funcionou. Todos se ajudaram. Foi uma manifestação maravilhosa de união. É isso que eu tenho sempre pregado e tentado fazer aqui no Colina aos fins de ano”, disse o empresário.
“Essa comunidade estava tão carente, isolada, que eles aceitaram a ideia, a ajuda. Entenderam nosso propósito e na segunda-feira de Carnaval, para minha surpresa, mais de 40 pessoas da comunidade e de outros bairros apareceram para ajudar na reconstrução das casas”, completou Artur.
Para que tudo pudesse feito, Artur contou com a ajuda de muitos voluntários, dentre eles: seus pais, seu irmão André Moreira; Bonifácio Costa; Cida Barone; Luana Barone; Liliu; Japão pintor; Marcinho pedreiro; do engenheiro André Breguez; da arquiteta Ariádine de Caux; do juiz da Comarca de Nova Era, Rodrigo Maas dos Anjos; do tenente Moreno; Cotta Construções e Souarte.
“A gente tenta ajudar ao máximo. Estamos fazendo tudo que é possível. Nossa intenção é divulgar o voluntariado, a importância de responder essas tragédias, de estar juntos, de ajudar”, ponderou Artur Moreira.
Doações
Ainda falta muito para dar conforto para os atingidos pela enchente. No entanto, não há mais recursos. Noventa e nove por cento das doações em dinheiro vieram dos Estados Unidos. Do Brasil colaboram, financeiramente, pessoas de Belo Horizonte, São Paulo, Natal, Belém, Recife e Mato Grosso. E a campanha continua.
“Todo o dinheiro que tínhamos foi colocado nessa recuperação das casas. Tem algumas coisas que ainda precisam ser feitas. A gente está pedindo doação. Quem puder ajudar temos uma conta disponível. Qualquer quantia é bem vinda, porque o gasto é muito grande. Então, quanto mais dinheiro entrar, mais famílias podemos ajudar”, frisou Artur Moreira.
Quem puder ajudar os atingidos pela enchente de Nova Era pode fazer um depósito na conta de José Bonifácio Costa (CPF 589.105.576-72).
Caixa Econômica Federal
Agência: 1461
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