Campeão mundial como jogador em 1958 e 1962. Técnico da seleção campeã do mundo em 1970. Auxiliar técnico no tetracampeonato mundial em 1994. Uma trajetória marcada por títulos e, acima de tudo, amor pela seleção brasileira. Zagallo nos deixou no último sábado (6), aos 92 anos, levando consigo o pouco que ainda restava de vínculo afetivo entre a seleção canarinho e seu torcedor.
Com suas virtudes e seus defeitos, o Velho Lobo nunca se constrangeu em demonstrar, das formas mais viscerais possíveis, seu amor pelo Brasil. Um sentimento muito diferente do que se vê atualmente.
Hoje o que se vê é uma sensação de indiferença, que flerta com o desprezo. Um cenário que não ocorre em vão. Os incontáveis amistosos em terras estrangeiras, as imediatas transferências das nossas revelações ao futebol europeu, os escândalos da CBF e o muro criado entre jogadores e torcedores ajudam a gerar essa distância..
Situações que pouco parecem incomodar quem ocupa a cadeira da presidência da CBF. Não se percebe nenhum esforço dos dirigentes em mudar este contexto, que gera uma relação muito mais marcada por cobranças e decepções do que pelo apoio.
Resultado: quando chegamos à Copa do Mundo, não vemos atletas em campo, e sim 11 pilhas de nervos lutando contra suas próprias mentes para buscar o cada vez mais distante hexa.
Enquanto a seleção brasileira não redefinir sua relação com o torcedor brasileiro, as decepções seguirão sendo rotina. E no último sábado, com a despedida de Zagallo, tal missão ficou ainda mais difícil. Ninguém amava mais o Brasil que o Velho Lobo.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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