A 1ª Conferência Municipal de Saúde Mental, realizada pela Prefeitura de Itabira em parceria com a secretaria de Saúde, aconteceu nesta sexta-feira (11) no auditório da Funcesi. O tema da convenção foi “A Política de Saúde Mental como Direito: pela defesa do cuidado em liberdade, rumo a avanços e garantia dos serviços da atenção psicossocial no SUS” e trouxe a jornalista e escritora Daniela Arbex como palestrante principal.
A conferência foi iniciada com a fala do presidente do Conselho Municipal de Saúde, Marcos Antônio Ferreira Silva, que destacou os direitos dos pacientes portadores de transtornos mentais no Brasil e a importância desse debate para a assistência aos itabiranos: “Hoje, na 1ª Conferência Municipal de Saúde de Itabira teremos a oportunidade de debater as políticas públicas de saúde mental, visando a melhoria da nossa rede assistencial.(…) Temos a convicção que precisamos melhorar e buscar sempre a melhor assistência para os nossos usuários.”
Logo após a fala do conselheiro, o vereador Júlio Contador assumiu a tribuna e deu uma declaração controversa, tendo em vista os objetivos e a característica do evento. Ele pontuou:
“(…) Saúde mental a gente não pensa só na saúde daquele que está no manicômio, usuários do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial)… mas sim em todos nós, principalmente a parte dos jovens e da juventude. Que tenhamos uma saúde mental brilhante, que cada um de nós possamos controlar o nosso emocional, evitar o estresse de chegar ao ponto de ser usuários do CAPS. Deus nos livre de uma coisa dessas, não é?”
Em seguida, a secretária de Saúde Luciana Sampaio também fez a sua declaração e cumprimentou os presentes, agradecendo as parcerias pela organização do evento, as ações promovidas pelos órgãos de manutenção da saúde e práticas pela saúde mental no município.
Logo em seguida, o vice-prefeito Marco Antônio Gomes também fez uma fala e, nela, destacou a definição de saúde e a importância desse conjunto para se promover saúde com excelência: “Saúde é o bem estar físico, o bem estar psíquico, o bem estar social… sem isso nós não conseguimos, de maneira nenhuma, fazer uma saúde por excelência.”
A fala seguinte, que abriu as ações práticas da Conferência, foi do prefeito Marco Antônio Lage que, dentre outros pontos, ressaltou em seu discurso: “Nós estamos, de fato, ouvindo a comunidade sobre um tema tão importante como saúde mental dentro da grande discussão de saúde pública na nossa cidade.”
Após a fala do prefeito, houve a votação para escolha dos delegados para representar o município nas conferências estaduais e nacionais. A fala, neste momento, foi presidida pela trabalhadora do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Fabiana Pimenta.
Logo em seguida, a diretora de saúde mental de Itabira, Jacira Silva também falou sobre a importância da construção de uma boa política pública de cuidados e manutenção da saúde mental no município.
Em seguida, a jornalista Daniela Arbex foi convidada para assumir o palco e iniciar a sua palestra magna. Durante a fala, Arbex apresentou a trajetória de construção do seu livro “O Holocausto Brasileiro”, que conta a terrível e dramática história da colônia-hospital psiquiátrico de Barbacena, que abrigou centenas de milhares de pacientes e matou mais de 60 mil deles ao longo do século XX. Muitos sequer eram pacientes com transtornos mentais verdadeiros.
Assim, a jornalista apresentou seu livro, pesquisa e destacou a importância da luta antimanicomial. Daniela usou o diálogo sobre os bastidores de seu livro para ressaltar a necessidade de construção de políticas públicas pela saúde mental em todo o país.
Porém, considerando a mineração em Itabira (e o consequente e futuro esgotamento mineral no extrativismo) ela destacou que a cidade precisa, ainda mais, estabelecer uma política de cuidado de sua população.
Ela apresentou, ainda, seu livro “Arrastados”, que conta a chocante história do desastre de Brumadinho como um exemplo para que os participantes pudessem conhecer mais sobre as consequências da mineração na vida das pessoas que residem em cidades mineradoras.
“Eu acho super importante compartilhar conhecimento. A gente não precisa viver uma dor para aprender com ela, nós já temos a experiência. A conferência é um espaço de reflexão, debate coletivo, é um espaço de conscientização fundamental para que as pessoas saibam o que estão vivendo” destacou Daniela Arbex.
“A gente, enquanto sociedade, tem esse papel e o poder de exercer efetivamente a nossa cidadania. Eu acho que é isso. Então a gente está aqui para discutir esses caminhos mesmo, e aprender a exercer a nossa cidadania e a cobrar e a exigir… e não só a agir depois. Porque quando a gente só age depois a gente vai tendo novas vítimas.”
O evento começou às 8h da manhã e seguiu ao longo de todo o dia. Contou com a presença de público, que fora inscrito previamente no site da prefeitura, e também foi transmitido no canal do youtube da Prefeitura, tendo acontecido ao longo de todo o dia.