Desde a primeira semana de novembro, quando Joe Biden foi considerado vencedor pelos órgãos de imprensa americanos, o apetite pelo risco aumentou, em nível global, e, desde então, assistimos a uma verdadeira corrida dos investidores em direção aos ativos de risco que tem levado as principais bolsas do mundo a uma sucessão de recordes de valorização.
A vitória de Biden sinalizou um mundo menos tenso, a volta do diálogo, dos acordos e do multilateralismo, em lugar da intensificação do nacionalismo que vinha sendo praticado , com força, pelo governo de Trump. Em paralelo, o início da vacinação,contra a COVID-19, na América do Norte, Europa e vários outros países juntamente com um acordo para a saída do Reino Unido da União Européia trouxeram uma sensação de que dias melhores virão para a atividade econômica global. Esse era o cenário básico até quinta feira.
Na cerimônia de certificação do nome de Joe Biden, no Congresso Americano, como o próximo presidente a tomar posse no dia 20 de janeiro, fato que ocorre há mais de 200 anos , na democracia mais consolidada do mundo, ao invés de uma sessão pacífica e tranquila, o mundo assistiu ao quase inimaginável … a invasão do Capitólio por simpatizantes de Donald Trump que foram insuflados pelo próprio presidente a agir como agiram.
Com um triste saldo de mortos e feridos, e , em nome da democracia , deputados e senadores retomaram a sessão e cumpriram o seu papel junto ao povo americano repelindo a violência e o vandalismo, e, chancelando a vitória daquele que foi o escolhido pela maioria dos americanos para comandar o destino dos EUA nos próximos 4 anos. Nesse mesmo dia , na Georgia, 02 senadores democratas foram eleitos, e com isso ,os democratas passam a comandar o senado e a câmara, na maior economia do mundo, o que dará a Joe Biden mais governabilidade dada a maioria nas duas casas.
No dia da invasão do capitólio a resiliência de dois dos principais índices das bolsas americanas , o Dow Jones e o SP 500, chamou a atenção. Com exceção da Nasdaq (bolsa que concentra mais as negociações com papéis de tecnologia)os principais índices fecharam em alta, outra sinalização da aprovação, pelo mercado,da vitória e da confiança no governo de Biden.
Passado o susto da TRUMPALHADA, ou seja, a palhaçada de Trump, o que vimos na sexta feira foi a precificação pelos mercados de um mundo menos tenso, em recuperação e vacinado, em breve. Nas bolsas, pelo mundo, os recordes sucessivos de valorização, inclusive aqui, na B3, foram puxados pelas altas das ações das empresas de commmodities como petrolíferas, mineradoras e siderúrgicas, e, os bancos também participaram desse forte movimento de alta diante da expectativa da volta da atividade econômica e da diminuição do nível de inadimplência.
O mundo acredita que Biden, assim que empossado, lançará um vigoroso programa de recuperação da economia americana com ajuda às famílias e às empresas , a expectativa é de uma ajuda de trilhões de dólares. Essa expectativa desta enxurrada de dólares puxa as ações e derruba o dólar perante as principais moedas do mundo.
Em números , esse movimento pode ser medido pelo IBOVESPA, principal índice de desempenho da B3, a bolsa brasileira, na sexta , ele fechou em 125076 pontos, o segundo recorde histórico seguido, e, com certeza, outros virão…O índice pode terminar o ano acima dos 150.000 pontos.
A onda azul de Biden é uma menção a cor que representa o partido democrata, o azul, e sinaliza um mundo mais aberto , cordial e próspero. Essa prosperidade deve ser construída com base em relações pautadas pelo diálogo e pelo respeito aos contratos , o que não vinha sendo praticado por Trump.
Começamos o ano de 2021 precificando a esperança , o crescimento e dias melhores para a humanidade mas para que este otimismo perdure e se transforme em realidade é necessário que o respeito à vida e o espírito coletivo prevaleçam nas decisões políticas que definirão o caminho da humanidade.
Rita Mundim é economista, mestre em Administração e especialista em Mercado de Capitais e em Ciências Contábeis
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