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Balanço do semestre

Lula

O primeiro semestre do ano foi extremamente positivo para o mercado financeiro brasileiro. Desde a divulgação do PIB do primeiro trimestre que apontou um crescimento de 1,2% (bem acima do esperado) a percepção do risco Brasil tem melhorado muito. O mercado, como sempre, precifica e precificou … O dólar, em junho, fechou a R$5,00 com uma queda de 3,13% no mês e de 3,11% no primeiro semestre, depois de atingir a mínima do ano, a R$4,92 no dia 25 de junho.

Para que vocês tenham em números o tamanho desta melhora, é bom lembrar que no dia 09 de março o dólar estava a R$5,83, precificando, na época, a dificuldade de aprovar o orçamento e até a possibilidade de furar o teto de gastos. Já o IBOVESPA atingiu recorde histórico de valorização no dia 07 de junho quando registrou 130.776 pontos depois de registrar a mínima em 26/02, quando fechou em 110.035 pontos. Entre a mínima de fevereiro e a máxima de junho, o principal indicador de desempenho da B3 subiu quase 20%.

A alta do Ibovespa no mês foi de apenas 0,46%, no semestre de 6,79% e poderia ter sido muito maior se não fosse o anúncio do pacote de mudanças no Imposto de Renda que foi enviado à Câmara para análise e votação. O pacote que aumenta a faixa de isenção da pessoa física para R$2.500,00, reduz a alíquota das Pessoas Jurídicas e propõe como medida compensatória a cobrança de 20% sobre os dividendos pagos pelas empresas, e, ainda retira a isenção tributária das receitas pagas pelos fundos de investimento imobiliário às pessoas físicas detentoras de cotas destes fundos.

No dia 24/06, um dia antes da entrega da proposta de modificações no IR, o IBOVESPA havia fechado a 129.513 e no dia da entrega o IBOVESPA fechou a 127.256 em queda de 1,74% e chegou a 125.666 no fechamento do dia 01/07, em queda de 3,00% entre a entrega da proposta e a mínima da semana.

As ações de bancos tradicionais que historicamente são pagadoras de bons dividendos assim como as de empresas de energia foram as que mais sofreram com o anúncio da proposta. Apesar de conceder uma isenção sobre o pagamento de dividendos de até R$20.000,00/mês ou R$240.000,00/ano, o mercado achou a alíquota alta. Muita água ainda vai rolar por debaixo da ponte do Congresso antes da votação mas vamos acompanhar…

Além da queda do dólar e da alta da bolsa durante o mês de junho, as taxas futuras de juros também recuaram indicando e precificando esta melhora do risco Brasil. Mas o que aconteceu no País que conseguiu melhorar a percepção do investidor global? A intensidade da retomada da economia que pode ser atestada em números.

Em maio, foram criados 280.666 empregos formais segundo dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério da Economia), sendo que o setor de serviços foi responsável pela criação de 110.000 destes 280.666 empregos, e, é bom lembrar que o setor de serviços é responsável por 70% na formação do PIB brasileiro, nos primeiros 05 meses do ano foram geradas quase 1.300.000 mil novas vagas.

A arrecadação da Receita Federal bateu recorde para um mês de maio e atingiu mais de R$142 bilhões, e, nos primeiros cinco meses do ano,  chegou a R$744 bilhões, também recorde para o período.

Na sexta, o IBGE divulgou os números da produção industrial de maio que cresceu 1,4% em relação a abril e 24% em relação a maio de 2020 e já está operando quase 2% acima dos níveis pre pandemia. Em relação ao recorde histórico de maio de 2011, a produção industrial ainda opera 16,7% abaixo.

Na quinta feira foram divulgados os números da balança comercial de junho, novo recorde, com saldo de mais de US$10 bilhões, pelas projeções da secretaria de comércio exterior , SECEX, o Brasil pode alcançar neste ano os melhores números da história e o saldo no ano pode ficar entre US$65 a US$70 bilhões .

Diante dos números, há evidências de que poderemos ter uma nova rodada de projeções revisadas para cima em relação ao crescimento do PIB em 2021 e 2022. A aceleração do processo de vacinação que permite a retomada mais rápida do setor de serviços pode turbinar ainda mais os números do segundo semestre já que o primeiro foi bem melhor do que a maioria dos economistas esperava. Na minha opinião, o crescimento da economia brasileira pode beirar os 7%, se os políticos não atrapalharem…

Rita Mundim é economista, mestre em Administração e especialista em Mercado de Capitais e em Ciências Contábeis

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