Um pedido de doações de máscaras de proteção, em meio ao momento de alta transmissão da Covid-19, chamou a atenção do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) nos últimos dias. Ele veio do Hospital Sofia Feldman, referência em assistência materna e infantil, com 100% dos atendimentos realizados via Sistema Único de Saúde (SUS), em Belo Horizonte.
No chamamento, o hospital falava da necessidade de fornecer o equipamento de proteção para pacientes e acompanhantes que acessam os serviços de Saúde. O gasto médio é de 250 máscaras por dia. Assim surgiu a ideia de doação de 20 mil máscaras, produzidas por detentos das mais diversas regiões do estado.
A entrega dos itens — 10 mil em TNT e 10 mil em pano — foi na terça-feira (23). Segundo a gestora de Políticas Institucionais do Sofia Feldman, Tatiana Coelho, a ajuda não poderia chegar em hora melhor. Nesta fase aguda da pandemia, o hospital passa a ser a retaguarda no atendimento de gestantes via SUS. “Isso vai nos ajudar a garantir mais segurança tanto para mulheres e seus acompanhantes, quanto para muitos trabalhadores”, ressalta.
5 milhões de unidades
Desde abril de 2020, detentos de unidades prisionais das mais variadas regiões mineiras estão produzindo máscaras de proteção individual. Atualmente, a produção acumulada chega a 5 milhões de unidades. Muitas empresas e instituições públicas se tornaram parceiras e estão doando os insumos para a confecção.
Esses equipamentos de proteção são distribuídos prioritariamente para as Forças de Segurança, que seguem com seu trabalho de forma ininterrupta, e também a hospitais, asilos e servidores municipais de prefeituras que têm parceria com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
A superintendente de Humanização e Atendimento do Depen-MG, Michelle Tatiane Lopes, conta que a doação para o hospital não tem ônus nenhum para o Estado, uma vez que todos os insumos para a produção vieram de parcerias concretizadas pelas unidades prisionais.
“Os presos têm a oportunidade de ressocializar, são capacitados profissionalmente, contribuem com a Saúde Pública e pagam, de certa forma, sua dívida com a sociedade. Além disso, ainda há a vantagem da remição de pena pelo trabalho realizado – a cada três dias em exercício, uma a menos na condenação”, destaca a superintendente.
Michelle também explica que a parceria na doação é o começo de um apoio ainda maior da mão de obra de presos para o Sofia Feldman. “Vamos produzir máscaras e lençóis para o hospital, caso eles recebam a doação dos insumos”, afirma.
Parceria dupla
Todas as gestantes que cumprem pena no Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade, em Vespasiano, são acompanhadas, diariamente, por uma equipe técnica do Hospital Sofia Feldman, dentro da unidade prisional. Além disso, partos, pré-natais e acompanhamentos das grávidas presas também são realizados pela equipe da instituição.
Na outra ponta, as detentas que já tiveram seus bebês e que têm excesso de leite materno também contribuem com doações para o banco de leite do hospital. Esse estoque é utilizado por recém-nascidos que precisam ficar internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).