É sempre uma experiência interessantíssima analisar como se comportam alguns setores da mídia frente ao sucesso de clubes fora do eixo RJ/SP em competições nacionais. São nessas oportunidades que costumam surgir questionamentos sobre o nível do nosso futebol, a viabilidade dos pontos corridos e outros temas importantes, mas algumas vezes convenientes.
Neste ano, quem protagoniza esse momento é o Atlético-MG. Campeão mineiro, finalista da Copa do Brasil e líder do Campeonato Brasileiro, o Galo está próximo de ser bicampeão nacional com certa folga. Porém, apesar do título cada vez mais encaminhado, ainda há quem questione a campanha atleticana. Alguns, de maneira leviana, chegam a levantar suspeitas de beneficiamento da arbitragem. Patético…
Para este que vos escreve, caso confirmada, esta será uma conquista inquestionável. Muito pelo fato do Atlético ser a equipe que mais respeitou o principal campeonato do país. E a noite de ontem deixou isso muito claro…
Líder e vice-líder do Brasileirão, Galo e Flamengo jogaram simultaneamente contra Palmeiras e Grêmio, respectivamente. Embora o placar dos jogos tenha sido o mesmo, o comportamento de cada time foi muito diferente.
O Atlético não jogou bem. A solidez defensiva, principal marca da campanha, não apareceu, e o time foi vazado duas vezes pelos reservas do Verdão. No entanto, mesmo abaixo do seu desempenho natural, o time de Cuca não desistiu em nenhum momento e saiu com um pontinho importante.
Já o Flamengo, que também escalou suplentes visando a final da Libertadores no sábado (27), chegou a abrir 2 a 0 contra o desesperado Grêmio. O segundo tento, inclusive, saiu quando o Rubro-Negro já tinha um atleta a mais em campo. Mas a falta de concentração e a apatia, que também apareceram em outros momentos do Brasileirão, permitiram ao Grêmio buscar o 2 a 2 e não asseguraram uma vantagem que chegou a ser de cinco pontos para o líder em certo momento da noite.
Resultado: mesmo tropeçando, o Atlético queimou uma etapa importante no caminho pelo bicampeonato. Bi que sempre pareceu próximo mesmo diante das ausências por convocação de seleções, ou o calendário que se mostrou apertadíssimo quando Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores afunilaram.
Isso porque o Galo valorizou a maior disputa nacional como nenhum outro time. E é por esse e outros fatores que, cedo ou tarde, ele será o campeão brasileiro de 2021.
Ps: ridículas e covardes as insinuações de que Renato Gaúcho teria incentivado seu time a entregar o jogo para o Grêmio. Principalmente quando tais ilações partem da imprensa. A migração de alguns colegas da mídia tradicional para canais voltados apenas a torcidas específicas parece estar causando um enorme estrago.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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