Criada em 1985, a Empresa de Desenvolvimento de Itabira (Itaurb) se tornou uma referência para a cidade na prestação de serviços de limpeza, vigilância e obras. Com um total de 670 funcionários, a companhia, nos últimos anos, convive com uma realidade bastante complicada e acumula uma dívida de R$ 83 milhões.
Desse total, R$ 49 milhões são referentes a débitos tributários, como PIS (Programa de Integração Social), Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Outros R$ 34 milhões são de passivos trabalhistas — a Itaurb, hoje, contabiliza 533 ações judiciais.
“Existem meios jurídicos para conseguir a redução desses valores. Dentro dos processos trabalhista temos acordos e teses que são pretendidas. Da mesma forma, as questões tributárias devem ser discutidas e analisadas, também precisamos verificar se tem alguma prescrição”, observa Danilo Alvarenga Freitas, diretor-presidente da Itaurb.
Apesar desse alto endividamento, a empresa pública tem consigo arcar com as suas despesas mensais e manter as suas operações. Isso é possível devido aos contratos celebrados com a Prefeitura de Itabira para a realização de serviços de limpeza, (varrição, coleta de lixo, poda, capina e recolhimento de animal), obras (por meio de convênio com a Secretaria Municipal de Obras, Transporte e Trânsito) e vigilância patrimonial.
“A Itaurb, hoje, consegue sobreviver dessa forma com os serviços que ela presta e com a receita que ela tem com o Município. Mas a liquidação dessa dívida depende das teses que estão sendo estudadas para isso”, afirma Danilo Alvarenga.
Por ser uma empresa pública, a Itaurb não pode ser privatizada. Assim, existem alternativas de buscar a recuperação da empresa ou encerrar as suas atividades e criar uma nova. “Falar em extinção da Itaurb é falar na demissão de 670 colaboradores, que são excelentes profissionais. Então, por isso, vamos trabalhar para sair dessa situação e organizar tudo”, destaca Danilo Alvarenga.
Aumento da demanda
Além do desafio financeiro, a Itaurb precisa se organizar para suprir o aumento da demanda de serviço. De março a dezembro de 2020, a empresa municipal foi responsável por executar apenas 15% dos seus serviços — os outros 85% vinham sendo realizados por companhias terceirizadas.
Porém, no início de 2021, a maioria desses contratos terceirizados foram encerrados e a Itaurb precisou assumir quase integralmente a demanda de serviço. Apenas a coleta de lixo hospitalar segue terceirizada, já que esse trabalho demanda equipes especializadas e modelo de descarte específico.
“Nós acrescentamos serviços e reduzimos os nossos recursos. Temos com menos quatro caminhões compactadores, menos uma retroescavadeira, menos um caminhão de coleta de entulho… Então estamos tentando fazer acontecer com o que temos aqui dentro para prestar um serviço de qualidade para a população”, detalha Danilo Alvarenga.
A população de Itabira tem vivido o reflexo dessas mudanças da empresa. As reclamações em relação a falta de poda e capina, assim como deficiência na coleta de lixo, têm sido constante.
“Esse início de ano foi quando a Itaurb assumiu 100% do serviço de limpeza da cidade. Existia uma demanda reprimida de roçada, como no cemitério. Então fizemos um planejamento para atacar os pontos mais importantes e normalizar o serviço. Também estamos repensando as rotas de coleta”, conta Danilo Alvarenga.
Plano de ação
Para começar esse processo de reestruturação, a Itaurb trabalha em cima de cinco pilares principais: pessoas (valorização dos colaboradores), operação (reestruturar rotas e processos), economia com geração de receita, administração e inovação e tecnologia.