Nesta quarta e última parte da história sobre como nasceu a revista DeFato e o portal DeFato Online, José Sana Junior, o Juninho Sana, revela como foi o processo para migrar as páginas da revista para um site de notícias diárias. Confira!
Os primeiros desafios do portal de notícias
José Sana Junior formou-se em jornalismo, em 2004. Mas, ainda nos tempos de estudante, ele acompanhava a rotina de seus pais, José Sana e Marlete Moura Sana, na redação da revista DeFato. O ritmo de trabalho era intenso. O site DeFato Online nasceu entre os anos de 2003 e 2004. O popular Juninho se transformou no principal responsável pelo desenvolvimento do novo veículo de mídia.
“Logo que me formei, comecei a trabalhar na revista. Havia um veículo muito bem elaborado pelo meu pai (a revista DeFato), mas eu já cheguei pensando na possibilidade de criar algo novo, com uma roupagem diferente”, explica.
A primeira matéria do jornalista recém-formado foi sobre a coleta de lixo em Ipoema — um trabalho que consumiu muito tempo, com vários deslocamentos até o distrito. “Depois dessa reportagem, eu percebi que havia uma demanda para cobertura diária da DeFato, em Itabira. Mas, não havia uma estrutura para a manutenção desse ritmo de dia a dia”, constatou.
Ainda assim, a novidade começou a tomar corpo. A mídia eletrônica deixou de ser apenas um sonho. Uma galeria de fotografias foi a atração inicial. A iniciativa midiática revelou a importância da cobertura diária de esportes, cultura e polícia. A divulgação das oportunidades de emprego também impulsionou a audiência. O portal incorporou ainda as principais reportagens da DeFato. “A partir de determinadas adaptações, encontramos uma linha mais próxima do dia a dia”, avalia Junior.
Nas primeiras décadas de 2000, pouco antes de Sana Junior assumir, já existia uma incipiente estrutura de site. Os destaques eram as colunas de opinião de José Sana, Chico Maia e outros cronistas. O planejamento gráfico da DeFato Online passou por transformações devido a exigência da audiência. Já no primeiro ano da direção de Sana Junior, foram identificadas necessidades de remodelagem. “Eu me lembro que fui a uma agência, em Belo Horizonte, para elaborar uma nova remodelagem. Lá, foi apresentado um projeto mais audacioso, mas que não atendeu plenamente à nossa estrutura ”, salienta.
Uma nova correção foi feita três anos depois. O projeto gráfico definitivo foi inspirado no jornal O Tempo. Essa transformação provocou a natural ampliação da marca DeFato. As melhorias foram funcionais e visuais. A grande preocupação, naquele momento, era garantir a representatividade da DeFato junto à população itabirana. A parceria com as emissoras de rádio da cidade foi muito importante para o êxito dessa estratégia. Nessa fase, havia inserções diárias no Programa Vagner Ferreira da rádio Pontal e em outras emissoras. Mas persistia uma dificuldade. O site não gerava receita suficiente para garantir a sua autonomia.
Nesse caso, o aporte financeiro da revista impressa garantia a sobrevivência da DeFato Online. “Nós sabíamos que a DeFato Online cresceria muito com a proliferação na mídia radiofônica”, previa Junior. Um detalhe marcante: todo esse planejamento foi idealizado numa internet de há 23 anos. A eficiência tecnológica ainda era muito precária. A rede social praticamente inexistia. Daí a importância dessa parceria com o rádio. A aposta foi criar mecanismos para manter a DeFato na boca do povo.
O site deveria ser uma referência de informação com rapidez e qualidade. “A princípio, a estrutura on-line concentrava só em mim, que era recém-formado. Foi tentativa de acerto, com grande possiblidade de erro, porque esse desafio passou também pelo aspecto financeiro, já que a DeFato Online não tinha um plano definido de mídia”, revela Sana Junior.
Então, foi dado o primeiro passo para se reverter esse quadro desconfortável. O chamado “pulo do gato” foi a elaboração de uma estratégia de mídia para os jogos do Valeriodoce Esporte Clube (VEC). O clube ainda disputava a primeira divisão do Campeonato Mineiro. Um grupo de empresários ligados ao VEC bancou a iniciativa. A oportunidade foi marcada por uma circunstância histórica. Mesmo com uma velocidade muito reduzida de internet, José Sana Junior realizou uma proeza praticamente improvável para a época.
O portal de notícias transmitiu, minuto a minuto, os lances de algumas partidas da equipe itabirana. Manter um ritmo acelerado — com uma internet ainda engatinhando — foi o grande desafio dos anos iniciais da DeFato Online. A coexistência entre a revista impressa e o site foi imprescindível por dois motivos: a preservação da saúde financeira e a estrutura de jornalismo.
Nessa paisagem prática, o conteúdo diário do site era republicado com mais profundidade (com maior riqueza de detalhes) na revista. Mas o portal de notícias e a revista não funcionavam dentro de um limite previamente definido, conforme exemplifica Junior: “Eu me lembro que cobri a inauguração de uma unidade do restaurante Tia Eliana, em Santa Maria. Fiz a reportagem e ilustrei com uma galeria de fotografias. Aquela matéria acabou virando capa de uma edição da revista. Então, com o tempo, a notícia diária do site começou a pautar boa parte do conteúdo da revista DeFato. Claro que algumas matérias específicas eram veiculadas apenas na revista”, esclarece.
A primeira equipe de jornalismo da DeFato Online
Os fotógrafos da revista DeFato também trabalhavam para o portal de notícias. A rotina da DeFato Online era tocada por Junior, José Sana e dois profissionais da área técnica. A partir de certo instante, Sérgio Santiago iniciou a sua carreira na empresa. Santiago gostava muito de comunicação, mas trabalhava num trailer. Ele teve um excelente desenvolvimento jornalístico e se tornou fundamental para o projeto de mídia.
Pouco depois, chegou o jornalista Rodrigo Andrade, que começou como estagiário. Por sinal, um grande número de estagiários passou pela redação da DeFato (site e revista). Sana Junior faz um resumo sobre a participação de Sérgio e Rodrigo, nessa etapa do veículo de comunicação.
“Eles ajudaram muito a manter o corpo do site bem estruturado. Com a chegada dos dois, comecei a definir as editorias, pois Rodrigo era muito bom nas coberturas esportivas, e Sérgio tinha desenvoltura nos assuntos de cidade”, recorda.
As redações da revista DeFato e do site DeFato Online funcionavam no mesmo local. “Os dois veículos sempre funcionaram juntos e sempre caminharam com um mesmo ideal”, ressalta Sana Junior.
A cobertura de polícia invadia a madrugada
A revista impressa — com uma situação financeira bastante equilibrada — possibilitava a sobrevivência do site de notícias. A DeFato Online, por sua vez, virou uma importante ferramenta para produção de conteúdos diários e difusão da marca DeFato. E ambos (a revista e o site) se transformaram numa referência jornalística da região. O crescimento da audiência passou pela consolidação da parceria com as emissoras de rádio. O site tinha também um processo de divulgação boca a boca.
“Eu gostava de chegar nos lugares e ver que as pessoas estavam acessando a DeFato Online. Então, eu aproveitava essas ocasiões para fortalecer essa percepção com amigos e pessoas próximas. Eu, por exemplo, ouvia o jornal matinal da rádio Itabira e quando uma notícia do site era citada, eu concluía que o nosso projeto estava no caminho certo”, reconhece Sana Junior.
A internet, na época, era um artigo de luxo. Poucas residências contavam com o dispositivo. Mas a DeFato Online precisava incrementar a sua visibilidade. Era uma tarefa muito difícil. Hoje em dia, todo mundo tem internet no celular. Há 20 anos não era assim. Então, para fazer da DeFato Online uma referência em comunicação, era imprescindível a parceria com as emissoras de rádio. A editoria de Polícia foi muito importante para a consolidação do site. Sana Junior e o repórter Galvani Silva passavam a noite monitorando os trabalhos das Polícias Militar e Civil.
“Quando acontecia alguma ocorrência, na madrugada, eu corria para redação para redigir e postar a matéria. Com isso, as rádios, nos primeiros informativos do dia, divulgavam a notícia da DeFato. E, quando as pessoas chegavam em seus locais de trabalho, entre sete e oito horas da manhã, ficavam sabendo de tudo que aconteceu na madrugada. O noticiário completo da ocorrência policial estava na DeFato Online”, assegura júnior.
Naquela ocasião, havia uma concorrência bastante saudável com o Diário de Itabira. Existia ainda uma parceria com outros órgãos da imprensa escrita. Alguns deles, inclusive, passaram a reproduzir as matérias da DeFato Online. Naquele tempo, o site Atila Lemos já desenvolvia um bom trabalho. Os portais Via Comercial e Vituai também contavam com um público bastante cativo.
Um dia inesquecível dos primeiros anos do jornalismo da DeFato Online
José Sana Junior viveu um dia de muito suspense, em julho de 2007. O jornalista revisita os acontecimentos dessa data incrível. “O dia a dia da DeFato ensinou-me muito sobre cobertura jornalística. Mas a matéria que mais marcou a minha vida foi a tentativa de assalto a uma agência bancária de Itabira. Na época, a DeFato e a DeFato Online funcionavam num mesmo imóvel, onde morávamos com a nossa família, no andar de baixo. Certa manhã, logo que acordamos, percebemos que alguém havia roubado as quatro rodas do automóvel da minha mãe. A garagem ficava ao lado da redação. Aproveitamos e fizemos uma grande matéria sobre essa ocorrência. Acreditávamos que ela seria a principal notícia do dia. Destacamos a audácia do ladrão, que agiu sorrateiramente, em plena madrugada. Essa, sem dúvida, seria a notícia mais comentada. Mas, por volta das dez horas, aconteceu a tentativa de assalto ao banco. E começaram correria e agitação. A gente tinha uma parceria com Galvani Silva, que acompanhava os assuntos de polícia. Naquele dia, fizemos uma imensa cobertura daquela tentativa de assalto. E tudo era desenvolvido com muita dificuldade, já que não contávamos com os atuais avanços tecnológicos de mídia, como o WhatsApp. Ainda não existiam essas ferramentas das redes sociais. A gente tinha que atualizar tudo pelo telefone”, conta Juninho Sana.
“Íamos até o local da ocorrência, tirávamos fotografias e voltávamos correndo para produzir a matéria, na redação. Foi um dia muito intenso, porque também estávamos fazendo a cobertura completa do Festival de Inverno, que até virou capa da DeFato. Foi um dia incrível, acho que no ano de 2007. Outro acontecimento que marcou muito a minha vida foi a morte do bispo dom Mário Gurgel. Um mês antes, eu o fotografei, no momento em que recebia alta de um hospital, em Belo Horizonte. Pouco tempo depois, ele morreu”, lamenta José Sana Junior.
* Ao longo do mês de abril está sendo publicada uma série de matérias sobre a história do portal DeFato, que completa 30 anos em 2023;
** Leia a quarta e última parte da história do portal DeFato na próxima sexta-feira (28);
*** Perdeu a primeira parte? Clique aqui e leia sobre os primeiros passos para a criação do portal DeFato;
**** E a segunda parte da história pode ser lida clicando aqui;
***** A terceira parte está disponível neste link.