O jornalista José Almeida Sana sempre teve ideias ambiciosas. Um eterno sonhador. Na década de 1990, o seu objetivo maior era fazer a “Itabira Centro-Leste em Revista” circular por todas as regiões de Minas Gerais. E, logo, deu um jeito de transformar esse sonho em realidade.
A ousada inciativa, porém, provocou uma alteração no nome da publicação. Dessa forma, a marca original saiu de cena e entrou definitivamente na história. Em seu lugar, apareceu DeFato. Simplesmente DeFato. José Sana explica as consequências dessa radical e necessária transformação. “Foi uma reclamação danada. Ninguém aceitou a mudança do nome [da revista]. As pessoas relutaram em assimilar [a mudança]. Alguns assinantes cancelaram a assinatura. Os leitores já estavam acostumados com a [marca] ‘Itabira Centro-Leste em Revista’. Mas resisti e não mudei de ideia”.
E qual a origem da representação gráfica da DeFato? Essa história até tem algo de mítico. Numa determinada noite, José Sana sonhou com a logomarca, inclusive com os detalhes do formato e cores. Ele relembra essa passagem capital. “Determinada manhã, falei sobre o sonho para a minha família e o pessoal da redação. Amanheci, portanto, com a DeFato no imaginário”, recorda.
Sana, então, revela o processo de criação da nova identidade do veículo de imprensa. “Eu, isoladamente, inventei a nova marca. Foi fruto de minha teimosia. DeFato significa o que realmente acontece no dia a dia. DeFato, então, é pura notícia”, esclarece o idealizador da publicação.
“E bati o martelo. DeFato será o nome da revista”, decidiu, na ocasião, incisivamente. E a nova (e polêmica) capa circulou pela primeira vez, em novembro de 1995. Começou, assim, o passeio da revista itabirana por quase todas as regiões de Minas Gerais. Um sinal desses tempos de transformações. A empresa de ônibus Saritur transportava, gratuitamente, exemplares para 100 municípios. Eram edições para assinantes e bancas de jornais.
A redação da revista repaginada funcionou em vários endereços, na região central de Itabira. Finalmente, ocupou um endereço definitivo (ou sede própria) no andar inferior da residência do jornalista, no bairro Pará. Nessa nova fase, Sana passou a viajar continuamente. O trabalho aumentou consideravelmente. O multifuncional editor produzia matérias em inúmeras cidades. Era a DeFato literalmente acontecendo. Ele rodava, em média, 5 mil quilômetros por mês.
Nessa época, a Revista cobriu toda a “Estrada Real”, durante dois anos e sete meses. A cada semana, um trecho do famoso circuito histórico colonial era visitado pelo jornalismo da DeFato. Essa missão contava com o apoio dos fotógrafos Roneijober Andrade, Sérgio Mourão, além da jornalista Afra Regina.
José Sana faz uma divertida ressalva sobre a participação de Roneijober. “Ele [Roneijober] é um fotógrafo muito competente, mas extremamente apaixonado pela natureza. Em alguns momentos, a reportagem não fluía porque ele priorizava o flagrante de uma borboleta, por exemplo. Aí, a matéria jornalística ficava em segundo plano”, brinca.
E o irrequieto José Sana ia para todos os lados. Vivia à procura do diferente, de informações impactantes. O inusitado, normalmente, morava nas páginas da DeFato. Um exemplo. A notícia sobre um caso de canibalismo teve ampla repercussão. A atração começou pelo criativo título: “Um homem que comeu o outro”. A história macabra aconteceu na localidade de Serra Azul de Minas, comarca de Serro.
Sana, na época, fez uma entrevista exclusiva com o canibal assumido. Morrendo de medo, o repórter passou quase duas horas em companhia do psicopata. Apenas os dois, no interior de uma pequena cela. O assassino detalhou friamente a dinâmica de sua ação sinistra. “Eu fui na casa do moço para oferecer emprego em uma fazenda. Vi que ele estava sozinho. Aproveitei uma distração, peguei uma enxada e bati na cabeça dele. Eu só matei porque estava com vontade de comer carne humana. Levei o corpo para dentro da casa e fui comendo aos poucos. Carne de gente tem o mesmo sabor de carne de frango”, garantiu o antropófago.
A entrevista com “Maria Escurinha” — a mais famosa proprietária de prostíbulo de Itabira — também deu muito que falar. A DeFato sempre manteve a tiragem de 3 mil exemplares. No auge, o órgão de imprensa chegou a Pouso Alegre, no Sul de Minas. José Sana fez memoráveis viagens por quase todo o território nacional e pintou até no exterior. Esses deslocamentos produziram memoráveis reportagens.
Em meados da década de 2000, ele foi à França para conhecer uma nova modalidade de ensino superior. Essa “aventura” foi consequência das primeiras iniciativas para a implantação de um campus avançado da Unifei, em Itabira. A DeFato sempre apoiou incondicionalmente essa iniciativa. Até mesmo por isso, a revista conservou um vínculo muito forte com Itajubá e o reitor Renato Aquino, durante muito tempo.
A DeFato — ao contrário da “Itabira Centro-Leste em Revista” — contava com um grupo muito maior de colaboradores. Esses profissionais da imprensa itabirana passaram pela redação da DeFato, naquela época: José Sana Júnior (o Juninho), Roneijober Andrade, Flávia Sana, Afra Regina, Sônia Rodrigues (comercial), Brander Gomes (comercial), Marcos Caldeira de Mendonça (revisor/ articulista) e Galvani Silva (setorista de Polícia).
Um time de articulistas do mais alto nível completava a equipe. O ideal da DeFato sempre foi o futuro de Itabira. A empresa mantinha três mídias em seu organograma: a Revista DeFato, o portal de notícias DeFato Online e o instituto de pesquisas DataFato. O jornalista José Sana Junior, o Juninho, foi o grande responsável pelo desenvolvimento e consolidação do DeFato Online que, em 2023, completará 23 anos de existência.
* Ao longo do mês de abril está sendo publicada uma série de matérias sobre a história do portal DeFato, que completa 30 anos em 2023;
** Leia a quarta e última parte da história do portal DeFato na próxima sexta-feira (28);
*** Perdeu a primeira parte? Clique aqui e leia sobre os primeiros passos para a criação do portal DeFato;
**** E a segunda parte da história pode ser lida clicando aqui.