Aconteceu o que todos nós esperávamos. Após muitas críticas e questionamentos, Renato Gaúcho não é mais o técnico do Flamengo. A saída foi consolidada na tarde de ontem (29), dois dias após a derrota para o Palmeiras, na final da Libertadores, por 2 a 1.
Analisando friamente, os números de Portaluppi à frente do Rubro-Negro não são ruins, longe disso. Em 38 jogos, foram 24 vitórias, seis derrotas e sete empates. Mas quem assistia às partidas sabe que a cobrança, supostamente exagerada, tinha fundamento. Renato Gaúcho assumiu o Flamengo após a demissão de Rogério Ceni e, desde então, desfigurou o time a cada jogo.
Óbvio, o time do atual técnico do São Paulo apresentava seus defeitos, especialmente na defesa, mas ainda assim mantinha um padrão. Ainda há de se ressaltar que Ceni sofreu com várias ausências em momentos decisivos da temporada. Feita a troca, a escolha parecia unânime. Não havia outro nome, senão Renato Gaúcho, para comandar a área técnica flamenguista.
A identificação com o clube no qual foi jogador e campeão, os títulos recentes… tudo conspirava a favor. Mas algo não foi levado em conta: o final de passagem desastroso pelo Grêmio. No Rio Grande do Sul, onde tinha “as chaves” do vestiário, Renato já vinha sendo contestado há muito tempo. Saltava aos olhos a falta de padrão do tricolor gaúcho em momentos decisivos nos últimos anos. A falta de criatividade, os setores espaçados e a marcação facilmente desmontada contrastavam com o futebol exemplar jogado entre 2015 e 2017.
Sem falar nas inúmeras contratações questionáveis e o menosprezo ao Brasileirão. Menosprezo que também se estendia a qualquer tipo de estudo e aprendizado naturalmente cobrados para alguém tão relevante no cenário nacional. Renato Gaúcho não se constrangia em se portar como o negacionista da bola, o aluno enrolado que passaria de ano sem o menor esforço.
Neste meio tempo, ainda surgiram vários pedidos para que Portaluppi assumisse a seleção brasileira. Um desrespeito à inteligência de qualquer um que acompanhe futebol. Tite, com todos os seus defeitos, está anos-luz de distância do ex-técnico flamenguista e qualquer outro colega de profissão em solo brasileiro.
Por tudo isso, fica o questionamento. Até quando basearemos nossas opiniões nos achismos? Naquilo que já vimos um dia mas que se perdeu no meio do caminho? Ao Flamengo, o equívoco custou uma temporada. A nós, fica a lição: assim como Renato Gaúcho, precisamos nos aprofundar para analisarmos melhor essa bagunça nem sempre tão deliciosa chamada futebol brasileiro.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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