Na última segunda-feira (3), durante a reunião de comissões temáticas da Câmara Municipal, profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Itabira defenderam a adesão do município à Instituição de Cooperação Intermunicipal do Médio Paraopeba (ICISMEP). Stefany Lima e Viviane Santos alegam que, no consórcio, Itabira terá acesso a serviços hoje não oferecidos pelo Ciscel (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Centro Leste), além de mais recursos.
O pedido chegou em forma de projeto de lei à Casa do Legislativo itabirano há algum tempo, mas só agora passou a ser discutido. Ele recebeu apoio de boa parte dos vereadores, que ponderaram, no entanto, a necessidade de outras comissões da Câmara o analisarem antes de uma votação.
Demandas
Em uma apresentação demonstrada aos vereadores e obtida pela DeFato, a SMS diz que as “consultas, exames e cirurgias solicitadas pelo ICISMEP são para inclusão num vazio assistencial que encontramos tanto no município de Itabira como em Belo Horizonte”. O texto ainda acrescenta que estes procedimentos “são enviados de forma eletiva ou de urgência para Belo Horizonte e que geralmente ficam meses e até anos para serem agendados”.
São citados como serviços em falta no município e que poderiam ser cobertos pelo ICISMEP a telemedicina, neurologia, colangiopancreatografia retrógrada, especialistas de córnea e cirurgias como exérese de papiloma de laringe, mastoidectomia e microcirurgia otológica.
Complemento
Primeira a falar aos vereadores, Stefany Lima argumentou que o ICISMEP não substituiria o Ciscel, pois se tratam de serviços diferentes. “O ICISMEP é completamente diferente do Ciscel, o objetivo é diferente. Apesar de terem alguns procedimentos equivalentes, nossa intenção de contratação do ICISMEP é satisfazer necessidades que temos hoje na Saúde que não são possíveis de serem alcançadas”, relata.
Ela também afirma que, quando determinados procedimentos não podem ser feitos aqui, pacientes itabiranos são enviados a Belo Horizonte. Porém, tanto a capital quanto outras comarcas encontram-se saturadas atualmente.
“Existe um número muito grande de processos judicializados, em virtude da ausência de alguns procedimentos que não temos no nosso município. Quando isso acontece, temos que transferir os pacientes para Belo Horizonte, outras comarcas, que também estão saturadas”, pontua.
“O que estamos buscando é uma melhoria mesmo para a sociedade, em busca de um serviço com qualidade, rapidez e eficiência para melhorar a situação do nosso município”.
Também da Saúde, Viviane Santos cita outro sério problema: a dificuldade em atrair profissionais para Itabira. Ela enfatiza que o ICISMEP viria para complementar o Ciscel, não substitui-lo.
“O Ciscel nos atende em algumas especialidades, mas como ele está numa região, como a nossa, que não é muito atrativa para algumas especialidades, e financeiramente também não se paga o que se paga em Belo Horizonte, temos muita dificuldade em conseguir profissionais. Quem utiliza o SUS pode ver que hoje temos dificuldade imensa com reumatologista, que é um profissional que não encontramos, e quando encontramos é por valores muito mais altos do que se paga. Então o ICISMEP vem para sanar esse vazio assistencial, não para concorrer com o Ciscel”, explica.
Viviane ainda foi questionada pelo vereador Luciano Sobrinho sobre onde seriam realizados os procedimentos caso a parceria fosse selada. Segundo a profissional da regulação do SMS, a maior parte deles ocorreria em Belo Horizonte. Stefany, no entanto, pontuou que isso também depende do interesse do município.
“Nessa reunião que fizemos semana passada, o Juninho da ICISMEP falou que nos municípios em que isso é possível, eles credenciam alguns estabelecimentos e médicos para atuar dentro do município. Mas isso vai do interesse do próprio município”, diz.
Aval do conselho
A reunião citada por Stefany foi realizada junto ao Conselho Municipal de Saúde de Itabira, com a presença de profissionais ligados ao ICISMEP em outras cidades, como Contagem. Um dos participantes foi o presidente do conselho, Marco Antônio, que vê no projeto de lei a possibilidade de resolver um problema crítico de Itabira.
“O projeto já passou pelo conselho, já foram tiradas todas as dúvidas, o secretário de Saúde de Contagem esteve presente. Para vocês terem uma ideia, Contagem tem 142 equipes de saúde da família, hoje temos 34. E lá eles têm simplesmente 75 médicos do ICISMEP atendendo na atenção primária. Nós, do Conselho Municipal de Saúde, vemos nesse consórcio a possibilidade de resolvermos um problema crônico da nossa cidade, que é a atenção primária”, ressalta.
Em seu discurso, Marco Antônio ainda enfatizou que os vereadores poderão protagonizar um momento “ímpar” do município, caso o PL seja aprovado.
“Estamos no conselho há muitos anos e é recorrente a reclamação da falta de médicos nas nossas unidades de saúde. Então quando esse projeto nos foi apresentado, mais do que nunca abraçamos essa causa. Acho que é um momento ímpar de Itabira e vocês, como vereadores, de participarem desse projeto e resolver esse problema crônico da nossa saúde. Não só a questão da atenção primária, que é grave, mas das consultas especializadas que estão represadas”, completou.