O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antecipou sua visita a Minas e chegou na tarde de quarta-feira (7) a Belo Horizonte. Lula foi recepcionado pelo prefeito da capital, Fuad Noman (PSD), e vai se encontrar com aliados. O ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), embora convidado pelo anfitrião Walfrido dos Mares Guia — ex-ministro do governo petista —, não compareceu ao jantar com o presidente.
Kalil foi apoiado por Lula em sua campanha na campanha ao governo de Minas Gerais em 2022, quando foi derrotado pelo atual governador Romeu Zema (Novo).
Por outro lado, nesta quinta-feira (8), o governador Romeu Zema estará no palanque ao lado de Lula em ato para anunciar investimentos no Estado.
O encontro de Lula com os políticos da “velha guarda” mineira também serve para uma avaliação do cenário local para as eleições municipais de 2024 e presidencial de 2026.
É a primeira vez que o presidente Lula vem a Minas Gerais em seu terceiro mandato como chefe do Executivo federal. Sua ausência em 2023 foi alvo de críticas inclusive de aliados, que esperavam uma visita ao Estado que foi essencial para a vitória do petista em 2022.
Instituto federais
A visita de Lula a BH foi, de alguma forma, uma surpresa, já que sua agenda previa, inicialmente, uma passagem por Juiz de Fora antes de vir à capital mineira. O cancelamento da presença de Lula a Juiz de Fora, cidade comandada por Margarida Salomão (PT), está sendo interpretada como falta de prestígio à legenda local.
Antes de vir a Minas, ainda no Rio de Janeiro, em um evento no Complexo do Alemão, Lula adiantou que iria anunciar doze novos Institutos Federais em Minas Gerais e que o anúncio seria feito nesta quinta-feira, em BH.
O Governo Federal já havia anunciado que pretende criar 100 novos Institutos Federais em todo o país, até 2026.
Atualmente, Minas possui quatro Institutos Federais, nas regiões Norte, Sudeste, Sul e Triângulo Mineiro. Na visita à capital mineira, o presidente é acompanhado do ministro da Educação, Camilo Santana, que participa também dos anúncios para Mina Gerais.
BR-381
São esperadas ao menos 800 pessoas, no MinasCentro, quando o presidente vai anunciar os seguintes investimentos para Minas Gerais: novo leilão da BR-381, construção de viadutos no Anel Rodoviário — que devem ser executadas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) — e a inauguração de espaços na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), assim como os novos Institutos Federais.
Lula também deve informar qual será a destinação da área onde funcionava o Aeroporto Carlos Prates, local em que a Prefeitura de Belo Horizonte pretende construir pelo menos 4.500 moradias. Outros anúncios previstos são: uma medida provisória para renegociar as dívidas dos pequenos produtores rurais, principalmente do Norte e Noroeste de Minas, além dos vales do Mucuri e Jequitinhonha, que enfrentam uma estiagem desde 2022, com 160 cidade em estado de emergência em função das secas.
O novo leilão da BR-381 é considerado um dos principais anúncios, pois há expectativa de que o governo federal assuma a responsabilidade do trecho entre o Anel Rodoviário, em Belo Horizonte, até a cidade de Caeté, na Região Metropolitana, e retire essa parte da concessão.
A intenção é tornar o edital mais atrativo aos investidores, depois de três leilões sem interessados. Isso porque o trecho entre BH e Caeté concentra um dos principais gargalos para a concessão, que é o reassentamento de ao menos 800 famílias. A mudança gera a expectativa de que a União invista recursos próprios na revitalização do trecho.
Hospital Universitário
Embora não tenha seguido sua agenda inicial, o presidente deve anunciar também a assinatura da ordem de serviço para que sejam retomadas as obras do Hospital Universitário de Juiz de Fora, na Zona da Mata, paralisadas desde 2015.
A prefeita juizforana, Margarida Salomão, confirmou presença no evento dessa quinta-feira na capital mineira.
Desgaste
A Associação Mineira dos Municípios (AMM) manifestou em nota seu descontentamento com a organização da agenda do presidente Lula em Belo Horizonte. A entidade reclama ter sido ignorada dos eventos oficiais em Minas Gerais.
“É no mínimo incompreensível a maior associação municipalista estadual do Brasil não ser convidada para um encontro do Governo Federal que indica a busca de uma construção federativa, em uma ação que mais se evidencia viés político-partidário”, afirmou a AMM em comunicado à imprensa.
Mesmo não tendo sido convidada, a associação disse que buscará o diálogo com o governo petista. “A AMM se coloca à disposição para, em momento oportuno, conhecer as propostas do governo federal para os 853 municípios mineiros, ficando ainda na expectativa de que o evento em Minas Gerais não se torne ato de agressão pessoal de militância partidária”.
Também acompanham Lula neste evento em Minas, o ministro Alexandre da Silveira, de Minas e Energia, o ministro chefe-da Casa Civil, Rui Costa, o ministro dos Transportes, Renan Filho, a ministra da Saúde, Nísia Trindade e a ministra de Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, além do ministro Camilo Santana, da Educação.
Após o evento, o presidente Lula deve retornar a Brasília com a sua comitiva.