A radioatividade presente na areia do Saara tem gerado preocupações acerca dos testes nucleares realizados pela França na Argélia entre 1960 e 1966. Esses testes, conduzidos principalmente na região de Reggane, resultaram em partículas radioativas que foram dispersas por tempestades de areia, chegando até à Europa.
Os cientistas do Laboratório de Ciências do Clima e Meio Ambiente da França divulgaram em março de 2022 que amostras de poeira do Saara continham isótopos radioativos, como o Césio-137, uma consequência direta dessas explosões nucleares. Segundo estudos recentes, a radioatividade detectada está abaixo dos limites considerados perigosos para a saúde humana, conforme os critérios da União Europeia.
Complexidade da radioatividade no Saara
A análise isotópica do plutônio na poeira do Saara revelou uma assinatura mais compatível com testes dos Estados Unidos e da União Soviética do que com os franceses. Isso se deve ao fato de que o poder de detonação dos testes franceses era menor, resultando numa dispersão menos significativa. A complexa herança da era da Guerra Fria continua a influenciar a percepção da radioatividade na região.
O legado radioativo dos testes nucleares alimenta ainda tensões entre a França e a Argélia, com locais de teste ainda contaminados. Em 2023, o debate renasceu, cativando interesse global enquanto pesquisadores monitoram os efeitos a longo prazo dessa contaminação.
Estudos em andamento, publicados na revista Science Advances, investigam a dispersão das partículas radioativas originárias desses testes. Embora o risco atual para a saúde pública seja considerado baixo, os impactos ambientais são um lembrete das cicatrizes deixadas por estas ações do passado.