Embora pareça coisa de ficção científica, alguns remédios e substâncias usadas em tratamentos médicos podem alterar permanentemente a cor da pele. Dois exemplos marcantes são os casos de argiria, causada por prata, e crisíase, provocada por compostos de ouro.
Argiria: o efeito colateral da prata
A argiria é uma condição rara, mas documentada, em que a pele adquire uma coloração azulada, acinzentada ou prateada devido ao acúmulo de prata no organismo. Isso ocorre quando há exposição prolongada ou ingestão frequente de compostos de prata, como o cloreto de prata.
Historicamente, a prata foi bastante usada por suas propriedades antimicrobianas, mas seu uso interno é altamente desaconselhado atualmente. Quando consumida em excesso, a prata se acumula na derme — camada profunda da pele — e não pode ser eliminada facilmente pelo corpo. A exposição à luz solar agrava o quadro, pois ativa um processo chamado fotorredução, que transforma os íons de prata em prata metálica visível na pele.
Um caso notório foi o de Paul Karason, que desenvolveu uma coloração azul intensa na pele após anos usando uma solução caseira com prata para tratar problemas de pele e sinusite.
Crisíase: a marca deixada pelo ouro
Outro metal que pode alterar a cor da pele é o ouro. A crisíase ocorre quando compostos de ouro, usados em certos tratamentos médicos — especialmente contra doenças reumáticas — se acumulam na pele. O resultado é uma descoloração cinza-ardósia ou acinzentada, também permanente.
Essas terapias com ouro foram mais comuns no passado, mas ainda podem estar presentes em alguns tratamentos mais antigos ou experimentais. Assim como na argiria, a pigmentação ocorre na camada profunda da pele, e a exposição à luz pode intensificar o efeito.