Recentemente, a instalação de estruturas conhecidas como “árvores sustentáveis” em Belém, Pará, gerou grande controvérsia entre os moradores. Essas estruturas, compostas por plantas reais fixadas em vergalhões e metal reciclável, foram inicialmente apresentadas como “árvores artificiais” em um projeto para a COP30, que ocorrerá em novembro deste ano. A ideia, embora inovadora, foi mal recebida pela população, que se sentiu desrespeitada pela escolha do governo estadual.
A reação da comunidade
O movimento COP do Povo, que representa comunidades indígenas, quilombolas e agricultores familiares, manifestou sua indignação nas redes sociais. Os membros criticaram a criação das estruturas, sugerindo que alternativas mais sustentáveis e respeitosas com a biodiversidade poderiam ter sido consideradas. Eles ressaltaram que consultar as comunidades tradicionais poderia ter gerado soluções mais adequadas para oferecer sombra e ventilação durante o evento.
Após a repercussão negativa, o governo do Pará alterou a terminologia utilizada, substituindo “árvores artificiais” por “jardins suspensos”. A arquiteta Naira Carvalho, da Secretaria de Obras Públicas (SEOP), explicou que o projeto se inspirou em soluções urbanas de Cingapura, onde o plantio tradicional é inviável. As estruturas foram projetadas para maximizar o uso de vergalhões reaproveitados, criando um espaço verde onde o solo é escasso.
Críticas de especialistas
Especialistas em urbanismo e climatologia também se manifestaram. A arquiteta Adriana Sandre, da FAU-USP, argumentou que a iniciativa reflete uma abordagem de “marketing verde”, priorizando a estética em detrimento de soluções duradouras e efetivas para a população local. O climatologista Carlos Nobre destacou que, em vez de estruturas metálicas, um plano robusto de reflorestamento urbano seria mais eficaz para combater os efeitos das mudanças climáticas e melhorar a qualidade de vida na cidade.