Portugal lidera um projeto inovador com o objetivo de restaurar ecossistemas degradados e prevenir incêndios florestais no Vale do Côa. A iniciativa envolve a soltura de tauros, uma versão recriada do extinto auroque, e de cavalos Sorraia, uma raça local ameaçada. Coordenada pela Rewilding Portugal em parceria com a Fundação Taurus, a ação visa estabelecer um corredor ecológico de 120.000 hectares, promovendo a biodiversidade e a regeneração natural das florestas ameaçadas.
Os tauros, criados por meio do cruzamento de raças rústicas, desempenham funções cruciais na manutenção das paisagens. Com seu pastoreio natural, eles contribuem para reduzir a biomassa vegetal, diminuindo assim o risco de incêndios frequentes em áreas densamente vegetadas. A reintrodução dos tauros visa também replicar o comportamento de pastagem dos auroques, extintos no século XVII, ajudando na regeneração das florestas.
Contribuições para a biodiversidade
Além de diminuir o risco de incêndios, a introdução dos tauros e cavalos Sorraia promove a dispersão de sementes, criando um habitat mais diverso. Estudos realizados pela Rewilding Portugal em parceria com a Universidade de Aveiro indicam um crescimento nas populações de corços e javalis, auxiliando a aumentar a oferta de presas para predadores naturais, como os lobos ibéricos. Essa ação busca reconfigurar os ecossistemas locais, abrindo caminho para o retorno de outras espécies nativas.
Portugal enfrenta o desafio de criar um extenso corredor de migração para os animais, enfrentando limitações por conta da demarcação de propriedades privadas. No entanto, a iniciativa já conquistou apoio local, e a Rewilding Portugal investe na aquisição de terras e na criação de trilhas ecológicas que conectem áreas isoladas. Soluções inovadoras, como o uso de cães de guarda e cercas reforçadas, têm sido aplicadas para aliviar a preocupação com ataques de lobos.