Nos últimos anos, o uso de drones na agropecuária brasileira cresceu exponencialmente, especialmente para a pulverização de agrotóxicos. Em apenas dois anos, o número de drones cadastrados para essa finalidade aumentou mais de dez vezes. No Ceará, a recente autorização do governador Elmano de Freitas para o uso de drones agrícolas reacendeu temores em comunidades que historicamente lutam contra a pulverização aérea de pesticidas.
As comunidades rurais, como as de Limoeiro do Norte, estão alarmadas com o avanço dessa tecnologia. Denúncias de contaminação de nascentes e plantações de agricultura familiar têm surgido, especialmente em estados como Maranhão, onde 228 comunidades relataram problemas relacionados à pulverização por drones. Segundo a Federação dos Trabalhadores Rurais do Maranhão (Fetaema), a contaminação dos rios e o adoecimento da população são consequências diretas do uso indiscriminado de agrotóxicos.
Normas e fiscalização
Embora existam normativas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura para o uso de drones, como a proibição de aplicação em áreas próximas a residências, as denúncias indicam que essas regras muitas vezes não são cumpridas. Moradores afirmam que os drones estão sendo utilizados a menos de 20 metros de suas propriedades, gerando não apenas contaminação, mas também uma sensação de vigilância constante.
A utilização de drones é vista como uma ferramenta de expulsão das comunidades tradicionais, conforme relatado por entidades de defesa dos agricultores. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontou um aumento significativo na contaminação por agrotóxicos, correlacionando diretamente os conflitos de terra com o uso de drones. A tecnologia, que deveria ser uma aliada, está se tornando uma ameaça à segurança e à saúde das comunidades.