No final do século XIX, Heurtin, um fazendeiro francês, juntamente com sua família, deixou um pequeno grupo de vacas na isolada Ilha de Amsterdã, localizada no sul do Oceano Índico. O abandono ocorreu após tentativas malsucedidas de estabelecer uma colônia na ilha.
Este local, agora parte das Terras Austrais e Antárticas Francesas, é um santuário de biodiversidade reconhecido pela Unesco. Apesar das condições adversas, incluindo clima extremo e ausência de água permanente, as vacas conseguiram se adaptar e crescer em número, atingindo cerca de 2.000 indivíduos ao longo de algumas décadas.
Como o gado se adaptou ao ambiente inóspito
O ambiente da Ilha Amsterdã parecia inóspito para os bovinos, mas a ausência de predadores e a resiliência das vacas permitiram que se tornassem selvagens. Elas formam grupos sociais coesos e hierarquias entre machos. Estudos genéticos mostram que descendem de raças europeias e zebus do Oceano Índico, conferindo-lhes vantagens adaptativas.
O crescimento populacional das vacas trouxe implicações ambientais importantes. O pastoreio excessivo comprometeu a regeneração da vegetação nativa e ameaçou espécies endêmicas, como o albatroz-de-amsterdã. Medidas de controle, como a construção de cercas e a redução do rebanho, foram implementadas aos poucos. Em 2010, preocupações ecológicas levaram à decisão de eliminar completamente a população bovina da ilha, encerrando um processo iniciado em 2008.
Em decorrência dessas ações, a história das vacas da Ilha Amsterdã destaca a complexidade de estabelecer equilíbrio entre conservação ambiental e manutenção de populações ferais de valor científico. Embora a eliminação das vacas se justifique pelo impacto ambiental, levanta questões sobre a necessidade de decisões informadas por estudos científicos detalhados, respeitando a biodiversidade local e a importância genética desses animais.