Paleontólogos descobriram uma vespa única, datada de 99 milhões de anos, preservada em âmbar. Essa espécie, chamada Sirenobethylus charybdis, apresenta características fascinantes que a tornam semelhante a uma planta carnívora, especificamente à dioneia. A descoberta ocorreu em Myanmar, onde 16 espécimes foram analisados, revelando um mecanismo inovador de captura.
Mecanismo de captura inusitado
A vespa possui uma estrutura móvel em seu abdômen que se assemelha a uma armadilha. Essa adaptação permite que ela capture outros insetos, forçando-os a abrigar seus ovos. Lars Vilhelmsen, coautor do estudo e especialista em vespas, inicialmente pensou que a estrutura era uma bolha de ar, mas após examinar mais espécimes, percebeu que era parte do corpo do inseto. Essa estrutura se movimenta, abrindo e fechando, o que sugere que a vespa utilizava essa habilidade para agarrar suas presas.
Comparações com a fauna moderna
Os pesquisadores não encontraram análogos diretos entre os insetos modernos, levando-os a comparar a vespa com a dioneia. A dioneia captura suas presas através de folhas que se fecham rapidamente, enquanto a vespa pode ter injetado seus ovos em um hospedeiro antes de liberá-lo, usando-o como um lar para suas larvas. Este comportamento é semelhante ao observado em algumas espécies atuais de vespas parasitoides, que também utilizam outros insetos como hospedeiros.
Apesar da empolgação em torno dessa descoberta, surgem preocupações éticas sobre a origem do âmbar, especialmente após o golpe militar em Myanmar em 2021. Alguns cientistas pedem uma moratória nas pesquisas envolvendo âmbar dessa região. A pesquisa sobre Sirenobethylus charybdis enriquece nossa compreensão sobre a vida no Cretáceo, levantando questões sobre a conservação e a responsabilidade na exploração de fósseis.